Tiago Nunes saiu fortalecido de uma eliminação precoce de Libertadores, conseguiu com méritos reverter uma campanha pífia no Paulistão para chegar a um vice-campeonato durante uma pandemia, mas encontra cada vez mais dificuldades para completar sua missão pelo Corinthians no Brasileirão.
A pressão para sua demissão está cada vez maior. Nas redes sociais, nos debates esportivos e entre as pessoas que causam influência na diretoria de futebol. Na noite de quinta-feira, após derrota por 2 a 0 para o Palmeiras, torcedores pediram a sua saída no portão da Neo Química Arena.
O presidente Andrés Sanchez diz que o projeto seguirá até que ele perceba que o treinador perdeu o grupo. Tiago diz que seguirá em busca de resultados.
– Sou um profissional que não tenho por hábito desistir. Estou me esforçando ao máximo para conquistar a confiança de todos. Confio no que a direção falou (sobre não trocar de técnico). Mas não quer dizer que não possa existir uma mudança – disse Tiago Nunes, na noite de quinta-feira.
São oito jogos disputados e apenas a 13ª posição (veja a tabela de classificação). Até aqui foram nove pontos somados em 24 disputados, com aproveitamento de 37,5%. São só duas vitórias em oito partidas. Em casa, o Timão venceu uma, empatou duas e perdeu o Dérbi de forma implacável.
O mercado joga a favor de Tiago: não existe um nome que atue como sombra neste momento, como chegou a ser o próprio Tiago a Fábio Carille na temporada passada. Bem avaliado pela diretoria, Mano Menezes acaba de acertar com o Bahia e deixa de ser a opção mais lógica para substitui-lo.
As eleições em novembro, porém, podem passar a ter influência no futebol.
Novas derrotas e um clima insustentável podem acabar jogando contra a candidatura de Duílio Monteiro Alves, o nome da situação. Mesmo com ele fora do cargo de diretor de futebol, os resultados esportivos podem ter influência no pleito.
Com pouco tempo para treinar, Tiago Nunes tem no jogo deste domingo um desafio enorme. Contra o Fluminense, no Maracanã, levará a campo uma defesa remendada, sem Fagner e Danilo Avelar, que foram expulsos. Do meio para frente, várias indefinições, já que nenhuma formação parece encaixar.
Quem avalia o trabalho de Tiago Nunes apenas por resultados tem muito material para criticá-lo. O problema é que quem prefere avaliar um trabalho pelo prisma do desempenho também tem. Há poucos elementos de destaque neste momento.
Na entrevista coletiva, o próprio técnico cobrou um melhor desempenho ofensivo dos atletas, já que apenas Otero conseguiu criar boas oportunidades contra o Palmeiras.
– Os adversários normalmente têm conseguido neutralizar os nossos jogadores de ataque, precisamos ter mais qualidade individual para conseguir criar mais desequilíbrios e machucar o adversário.
Depois do jogo contra o Flu, o Timão recebe o Bahia em casa no dia 16 e fará dois jogos com intervalos de uma semana para recuperação física e muito trabalho: dia 23, no Recife, contra o Sport, e no dia 30, em Itaquera, diante do Atlético-GO, em rodada atrasada.
Sequência que pode ser definitiva para Tiago mostrar se conseguirá reverter o momento atual.
GE
Foto: Marcos Ribolli