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coripalmO Campeonato Paulista de 2020 foi retomado nesta quarta-feira, 22, após paralisação de mais de quatro meses, com vitória do Corinthians por 1 a 0 diante do Palmeiras, em Itaquera. Além de ter sido o primeiro dérbi sem público, cumprindo as normas do protocolo do coronavírus, o jogo consolidou também a dominação do clube alvinegro nos clássicos do futebol paulista.

O gol do zagueiro Gil deixou o Corinthians ainda com chances de classificação, faltando uma rodada para o fim da primeira fase. Além disso, desempatou o retrospecto diante do maior rival. Agora, o Corinthians tem 128 vitórias, contra 127 do Palmeiras, e 108 empates, em mais de 100 anos de história. É a primeira vez que o Corinthians aparece na frente do confronto desde dezembro de 1966. O Palmeiras contesta a contagem (entenda a polêmica abaixo).

Apesar da ausência de torcedores, o clima de rivalidade estava no ar desde o início da manhã, quando o Corinthians anunciou que torcedores palmeirenses invadiram a Arena Corinthians e picharam ofensas ao goleiro alvinegro Cássio e provocações em alusão à maior goleada do dérbi, um 8 a 0, em 1933. O dono do estádio lavrou boletim de ocorrência e condenou o que chamou “ato vil e covarde e que não condiz com a grandeza e com a estatura da agremiação envolvida.”

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Com bola rolando, o Palmeiras começou melhor e chegou a mandar uma bola na trave com Willian, mas o Corinthians saiu na frente em gol de cabeça do zagueiro Gil, contando com a colaboração do goleiro Weverton. No segundo tempo, o domínio alviverde foi ainda maior, mas o goleiro Cássio garantiu a vitória alvinegra com uma sequência de ao menos cinco defesas difíceis.

A “virada” do Corinthians no retrospecto histórico se deu após a inauguração das arenas de cada clube, em 2014. O Corinthians leva vantagem em Itaquera (seis vitórias, dois empates e três derrotas) e no Allianz Parque (quatro vitórias, um empate e duas derrotas). O clube também leva vantagem nos outros clássicos locais: tem 130 vitórias, 109 empates e 106 derrotas contra o São Paulo e 132 triunfos, 97 igualdades e 108 revezes.

Palmeiras contesta contagem

O clube alviverde adota critérios estatísticos diferentes de todos os seus rivais: contabiliza 373 jogos contra o Corinthians, com 131 vitórias, 130 derrotas e 112 empates. A diferença de dez jogos se dá pelo fato de o Palmeiras considerar duelos do Torneio Início do Campeonato Paulista e pelo Troféu Henrique Mündel, competição organizada em 1938 para angariar fundos para o São Paulo.

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O Corinthians, assim como São Paulo e Santos, não contabiliza estes confrontos porque as partidas tiveram duração reduzida, como 15 e 30 minutos, e critérios de desempate pouco convencionais como número de escanteios. Em entrevista a PLACAR no ano passado, o jornalista Celso Unzelte, historiador do Corinthians e autor do “Almanaque do Corinthians”, explicou sua posição.

“O Palmeiras está na contramão da história, as estatísticas dele não batem com a de nenhum outro clube. É uma situação mais ampla que o dérbi. O que agrava essa questão é o fato de a diferença do Palmeiras, que era muito grande, só existir hoje graças ao Torneio Início. Cada um tem sua opinião e critérios, eu respeito, mas acho que esses jogos não devam ser contabilizados.”

Na ocasião, Fernando Gallupo, historiador do Palmeiras, disse que o clube contabiliza os jogos de Torneio Início por considerá-lo uma “competição oficial organizada e chancelada pela entidade máxima do futebol estadual, com regulamento definido, premiação e arbitragem”, entre outros fatores. Gallupo negou que tenha alterado seu critério devido à aproximação do Corinthians no retrospecto e transferiu a responsabilidade para o próprio “concorrente”.

“Desde o primeiro trabalho licenciado, o Almanaque do Palmeiras, publicado pela editora Abril em 2004, os jogos do Torneio Início foram contabilizados. Inclusive, o Almanaque do Corinthians mantinha o mesmo critério, e ambos foram produzidos pelo mesmo autor, o jornalista Celso Unzelte.”

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Unzelte se defendeu. “De fato, quando fiz estes almanaques, contabilizei os jogos do Torneio Início. Mas meu objetivo naquelas obras era dar o máximo de informações possível. Posteriormente, cheguei a um acordo com o próprio Palmeiras de desconsiderar esses jogos, justamente pelo fato de nenhum outro clube fazê-lo. Me dei por vencido, porque considerei que do ponto de vista estatístico não se deve contar jogos de tempo não regulamentar.”

Não há, neste caso, um critério “oficial”, já que entidades como CBF e Federação Paulista de Futebol (FPF), só apresentam dados das competições que organizam, excluindo informações sobre amistosos e outros torneios. Caso semelhante ocorre na rivalidade entre as seleções de Brasil e Argentina, que têm contas diferentes – cada uma usa a que mais lhe beneficia, evidentemente.

 

veja.com

Foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians/Divulgação