"Um recital de Felipe". "Perfeito diante do melhor trio de ataque do mundo". "Um achado do Atleti para a temporada". Essas frases foram extraídas de jornais espanhóis desta quarta-feira, extremamente elogiosos ao desempenho do zagueiro Felipe na partida do Atlético de Madrid contra o Liverpool, pela ida das oitavas de final da Liga dos Campeões. Os espanhóis venceram o atual campeão por 1 a 0.
Reforço do clube para 2019/20, Felipe chegou sob certa desconfiança, principalmente por já ter 30 anos e só ter atuado pelo Porto no futebol europeu. Como um atleta que mal era profissional dez anos atrás atingiu o ápice da posição? Os anos de aprendizado no Corinthians são fundamentais para essa resposta.
Contratado após disputar a Série B de 2011 pelo Bragantino, Felipe chegou ao Corinthians em 2012 ainda "cru". A avaliação interna era de que o zagueiro tinha virtudes físicas excepcionais, definição dada pelo próprio técnico Tite, mas que pecava bastante em termos táticos.
A batalha, a partir desse diagnóstico, foi transformar o diamante bruto, "capaz de pular uma porta", em um zagueiro confiável. Felipe, o mais jovem entre Chicão, Leandro Castán, Paulo André e companhia, geralmente ficava em campo um tempo além do treinamento para receber orientações específicas.
Um dos responsáveis por esses papos era Fábio Carille, então auxiliar e hoje treinador com quem o jogador ainda tem ótima relação. Não era incomum ver Felipe trabalhando a posição correta para ficar quando encarasse um marcador mano a mano, baixando o seu centro de gravidade para aproveitar sua velocidade.
Aos poucos, Felipe deixou de mostrar afobação e soube aliar impulsão/velocidade da melhor forma ao seu jogo. Depois de dois anos de transição e com o atleta já atingindo a casa dos 25 anos, foi decidido que 2014 seria o ano para utilizá-lo.
O problema foi que Felipe não foi bem na primeira sequência como titular de Mano Menezes, fazendo o clube buscar Cleber, da Ponte Preta, e Anderson Martins para ter mais segurança ao lado de Gil no setor.
"Às vezes, eu o via desanimado, chateado com as dificuldades para executar aquilo que o Tite e nós mesmos esperávamos dele. Mas é um cara que nunca desistiu, que sempre mostrou potencial", disse Paulo André, em entrevista à Gazeta Esportiva, em 2016, quando Felipe já despontava como um destaque da posição.
O momento essencial para isso, aliás, foi a confiança dada pelo próprio Tite a Felipe, em 2015. Mesmo com a contratação de Edu Dracena, o treinador, de volta após um ano sabático, confiou que as virtudes físicas já haviam sido bem lapidadas em paralelo às questões táticas.
Como resultado, Felipe formou grande dupla ao lado de Gil, sendo campeão brasileiro, e manteve o alto nível no ano seguinte, alternando Yago e Balbuena como companheiros. A fase era tão boa que, mesmo aos 26 anos, viu o Porto demonstrar interesse na sua contratação e teve a chance de mostrar sua capacidade também em gramados europeus.
Yahooesportes
Foto:© Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians / Divulgação