Após ver a diretoria colorada se desdobrar em múltiplas frentes, Paolo Guerrero usou a própria voz como uma cartada final e pediu dispensa da seleção peruana a Ricardo Gareca. O centroavante queria retribuir a acolhida do Inter durante os últimos meses da suspensão por doping. E o fez com gols, no plural, para levar o clube à final da Copa do Brasil.
Pior para o Cruzeiro. Nesta quarta-feira, o peruano abriu caminho com os dois primeiros gols para a vitória do Inter por 3 a 0 no Beira-Rio pelo jogo da volta da semifinal da Copa do Brasil. E deixou o campo com muito mais do que a vaga a celebrar.
Guerrero chegou a cinco gols em seis jogos e se tornou um dos artilheiros da competição. O centroavante divide a artilharia com Pipico, do Santa Cruz, e Luciano, hoje no Grêmio, mas que marcou pelo Fluminense.
"Tinha que valer a pena" (Guerrero, sobre a dispensa da seleção peruana, ainda no intervalo)
E como valeu a pena. Além da vaga e da artilharia, o peruano colocou um ponto final – em grande estilo – ao seu maior jejum pelo Inter. Após passar em branco nos dois jogos contra o Flamengo, o centroavante vivia uma seca de cinco jogos e um total de 489 minutos.
> Guerrero pelo Inter:
13 gols
23 jogos
Média: 0,56 gol/jogo
A maré negativa perdurou até os 39 do primeiro tempo, com um gol construído com sotaque espanhol. Nico López lançou D'Alessandro dentro da área. O argentino dominou e cruzou na cabeça de Guerrero, livre na pequena área, com o trabalho de apenas empurrar para as redes.
O segundo gol foi mais plástico. Já no segundo tempo, Nico acionou o camisa 9 dentro da área com uma cavadinha. Guerrero dominou no peito e emendou de primeira, sem chances para Fábio.
– Gracas a Deus estamos na final. Agradecer muito a Deus, ao Inter, à torcida, porque a gente está fazendo um grande trabalho. O sacrifício do dia a dia, a desclassificação na Libertadores. Continuamos batalhando. Muito feliz por todos os companheiros – diz o peruano.
Exemplo de comprometimento
O pedido de dispensa de Guerrero para estar em campo nesta quarta-feira vira exemplo do comprometimento não só dele, mas de todos os jogadores com o elenco. O técnico Odair Hellmann disse após a partida que a atitude não é "ato isolado" no vestiário.
– O exemplo do Guerrero de comprometimento é o que todos demonstram aqui. Ele mostrou felicidade, retribuição, mas isso não é ato isolado. O comprometimento do Guerrero, eu posso nominar muitos jogadores e faltaria tempo. Pego este exemplo e jogo no grupo. Eles relembrarão o que cada um já fez pelo grupo – afirma
Antes da chamada final de Guerrero a Gareca, o Inter fez o que esteve ao seu alcance pela liberação do centroavante. O diretor executivo do Inter, Rodrigo Caetano, chegou a ir a Lima oficializar à FPF o pedido para que Guerrero não fosse convocado.
GE
Foto: Ricardo Duarte/Divulgação, Inter