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Que Paolo Guerrero é o maior nome da seleção peruana a torcida brasileira já sabe. Mas o camisa 9 está longe de ser o destaque solitário do próximo adversário do Brasil na Copa América. No jogo que vale a classificação para as quartas de final e também a liderança do grupo A, sábado, às 16h (de Brasília), na Arena Corinthians, a equipe de Tite vai enfrentar um rival que ganhou, nos últimos anos, bons coadjuvantes, entrosamento e confiança sob o comando do técnico argentino Ricardo Gareca, há quatro anos no cargo.

- Gareca mudou o chip da seleção. Desde que assumiu a equipe, ele sempre mostrou otimismo nas entrevistas, dizendo que acreditava na qualidade dos jogadores peruanos. Antes, aceitávamos com naturalidade as derrotas, e hoje a equipe acredita que é possível vencer - observou o jornalista peruano José Lara, do Diário Trome, de Lima.

 

Um dos pontos fortes da seleção peruana é a manutenção da base. Dos 11 titulares da vitória por 3 a 1 sobre a Bolívia, no Maracanã, apenas os zagueiros Zambrano e Abram não estiveram na Copa da Rússia, em 2018, quando o Peru encerrou um jejum de 36 anos sem disputar um Mundial. Um ostracismo que não combina com o time entrosado e confiante comandado por Gareca, que aprovou o modo como os peruanos construíram a vitória de virada nesta terça-feira.

"O mais importante de tudo é que mantivemos a calma. Estávamos jogando apressados, de primeira. Precisávamos de um pouco mais de precisão. Podemos estar imprecisos em algum momento, mas nunca os vi com medo, são jogadores muito seguros, com muita personalidade", afirmou Gareca na coletiva após o jogo.
Contra a Bolívia, o Peru mostrou por que se encontra hoje em outro patamar no futebol sul-americano. Sempre acostumado a completar, com a própria Bolívia e a Venezuela, o trio de azarões do continente, agora a seleção peruana se impõe como favorita diante das duas rivais, coincidentemente adversárias no grupo A desta Copa América.

Se não venceu a Venezuela na estreia - empate em 0 a 0, em Porto Alegre -, não foi por falta de protagonismo. Com mais posse de bola (52%), o Peru teve 15 finalizações ao gol de Fariñez, com sete chances claras. Duas delas pararam nas redes, em gols anulados com auxílio do VAR.

Nesta terça, dominava o jogo contra a Bolívia quando levou o gol de pênalti de Marcelo Moreno, mas mostrou maturidade para virar o placar e venceu com autoridade (58% de posse, 16 finalizações e nove chances claras de gol). Velho conhecido da torcida brasileira, Guerrero brilhou com um golaço, driblando o goleiro Lampe, e o cruzamento para Farfán ampliar. O atacante do Internacional, ex-Flamengo e Corinthians, saiu ovacionado e foi eleito o melhor do jogo. Mas a seleção peruana apresentou outras qualidades além do seu capitão e maior ídolo.


Por exemplo, bons e confiáveis coadjuvantes. A começar pela dupla que municia Guerrero no ataque: Cueva, ex-São Paulo e atualmente no Santos, e o veterano Farfán, de 34 anos. Com impulsão de menino na cabeçada certeira do segundo gol contra a Bolívia, Farfán mostrou que está recuperando o ritmo após uma lesão muscular que o deixou fora dos amistosos preparatórios. Nos dois jogos da Copa América, foi o jogador que finalizou mais vezes - sim, mais que Guerrero -, com oito conclusões a gol (quatro em cada partida).

Cueva, contestado no Brasil, é o homem de confiança de Gareca, e o jogador que mais atuou pela seleção peruana desde que o argentinou assumiu a equipe, em fevereiro de 2015: 52 dos 57 jogos com o técnico. Flores, que entrou no segundo tempo e fechou a vitória desta terça com um golaço, é outra opção ofensiva, assim como Carrillo, outro ex-titular que ficou no banco contra a Bolívia.

- O coletivo é o forte desse time. Cueva e Farfán são pilares da equipe, além de Guerrero. Os laterais são fortes, tanto Advíncula como Trauco, e o lado direito do ataque é um setor de muita velocidade, seja com Polo ou com Carrillo - comentou o jornalista peruano Julio Vizcarra, do jornal El Comercio.

  • Mesmo jogadores que não atuam muito em seu clube, como Trauco no Flamengo, ou que não estão em boa fase têm a confiança de Gareca e crescem quando vestem a camisa da seleção - completou José Lara.

GE

Foto: REUTERS/Ricardo Moraes