• Hospital Clinicor
  • Vamol
  • Roma

flamMais do que o impacto esportivo para o restante da temporada, uma eliminação precoce do Flamengo na Libertadores pode significar um baque forte também no bolso do clube. E, consequentemente, comprometer o resultado financeiro de todo o futebol rubro-negro, trazendo à tona um velho fantasma das paredes da Gávea: o atraso de salário.

 

A matemática dos cofres é tão cruel quanto a da bola. E uma caminha lado a lado da outra. Em caso de queda ainda na primeira fase da competição, o Flamengo deixa, de imediato, de receber R$ 1,3 milhão, valor da cota da Conmebol para a partida como mandante nas oitavas de final na edição deste ano. Fora, claro, a possível renda com os ingressos.

 

"Independentemente do valor que ainda não calculamos, coloca em risco o planejamento de manter as contas em dia, em 2014. Se me perguntasse se os salários que estão em dia correm risco, diria que sim, porque nosso planejamento levou em consideração chegarmos às quartas de final", admitiu o vice de finanças do clube, Rodrigo Tostes.

 

A frase é realista. No orçamento do clube de 2014 aprovado pelo Conselho de Administração em meados de fevereiro, o montante total apontava um número em torno de R$ 340 milhões. No documento, a previsão de arrecadar apenas com bilheteria na Libertadores era de R$ 10 milhões, com média de R$ 2 milhões por jogo.

 

 

Ou seja, para chegar aos cinco jogos no Maracanã o Flamengo teria de, ao menos, atingir as quartas de final da Libertadores. Neste caso, o clube teria direito a mais uma cota da Conmebol pelo avanço de fase, no valor de R$ 1,5 milhão.

 

"A Libertadores é uma competição cara, muito mais do que os demais campeonatos. Mas nosso planejamento previa uma grande arrecadação com esses contratos de patrocínio e com as vendas de ingressos em casa. É um dinheiro que pode não entrar. E que afetaria toda a temporada, inclusive o pagamento dos salários", admite Tostes.

 

O peso da Libertadores na balança financeira é fácil de ser observado, principalmente, se comparado ao Campeonato Carioca. Na competição sul-americana, as rendas das partidas contra Emelec e Bolívar, no Maracanã, atingiram R$ 3,8 milhões no total, sem descontos. Por outro lado, todos os 15 jogos do Carioca até agora significaram um saldo líquido positivo de apenas R$ 365 mil. Quase dez vezes menos. No orçamento, a previsão de arrecadação com bilheteria em 2014 é de R$ 45 milhões.

 

Para disputar a competição sul-americana, o clube fez um esforço para expandir a folha salarial em torno de R$ 2 milhões em comparação com 2013. Em vez dos R$ 7 milhões, o valor saltou para cerca de R$ 9 milhões. Somado a isso o clube tem de desembolsar mensalmente quase o mesmo valor para pagar dívidas, incluídos aí acordos como o feito com a Fazenda para a manutenção das Certidões Negativas de Débito (CNDs).

 

O passivo do clube, no entanto, continua grande. Dos R$ 750 milhões de dívidas anunciados no primeiro semestre de 2013, a expectativa é que R$ 120 milhões já tenham sido quitados até o fim de março. Outros R$ 80 milhões estão previstos até o fim de ano. Por um pouco de fôlego, os cofres da Gávea aguardam valores dos acordos válidos de contratos de patrocínio do futebol neste ano.

 

São R$ 35 milhões da Adidas, R$ 9 milhões da Peugeot, R$ 5 milhões da última de quatro parcelas que totalizam R$ 25 milhões do contrato com a Caixa Econômica Federal, válido até o início de maio deste ano, e R$ 3 milhões da Tim. Para evitar maiores problemas, o Flamengo, lanterna do grupo 7 da Libertadores, deve vencer seus dois próximos jogos, contra o Emelec, no Equador, e contra o León, no Maracanã. E, assim, manter o navio rubro-negro longe das turbulências das calculadoras.

 

Espn