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hernaneO jogo mais importante da carreira de Hernane será nesta quarta-feira. Ele é uma das esperanças dos mais de 70 mil flamenguistas que estarão no Maracanã, um público maior do que toda a população de Bom Jesus da Lapa, na Bahia, sua cidade natal. Mas, em sua primeira final, o Brocador por pouco não terminou como vilão. "Eu salvei a pele dele", relembra aos risos o zagueiro Rodrigo Sabiá.

 

Na Copa Paulista de 2010, o Paulista chegou a decisão contra o Red Bull. O time de Jundiaí jogava em casa por um empate para ser o campeão. O Toro abriu o placar e, aos 26 minutos do segundo tempo, o juiz marcou pênalti para o Paulista. Hernane foi para a cobrança. "Você não o vê nervoso. Mesmo estando mal no jogo, ele tem a frieza para finalizar, é impressionante", diz Rodrigo.

 

O técnico Fernando Diniz relembra que as dificuldades começaram antes mesmo do início da competição. "O clube passava por problemas financeiros, diretoria rachada e com vários meses de salários atrasados".

 

Por isso, o elenco era formado em sua maioria por jogadores da base, grande parte com menos de 20 anos de idade, e alguns reforços de fora, entre eles, o Brocador.

 

"Por indicação do Vizolli, ele veio do São Paulo, estava encostado, treinando em separado lá em Cotia". Isso dificultou ainda mais seu início no Paulista. "Ele chegou com desconfiança da torcida, era muita pressão em cima dele por ter vindo de time grande", diz Rodrigo.

 

Desde que havia saído do Atibaia, da quarta divisão paulista, em 2007, para o Tricolor, Hernane havia sido emprestado para vários clubes sem se firmar. Em Jundiaí, aos poucos, foi ganhando o respeito da torcida e a admiração do técnico. "Ele sempre foi cara dedicado e humilde pra caramba. Tem um faro de gol impressionante. É difícil achar um cara que tenha tanta intimidade com as redes".

 

No Paulista, ele ressurgiu para o futebol, sendo artilheiro da equipe na competição, com 10 gols. "Nos jogos importantes, sempre deixava o dele. Hoje, é provavelmente o jogador mais decisivo do futebol brasileiro", diz Fernando.

 

Porém, naquele dia, foi diferente: a bola bateu na trave. O Paulista seguiu pressionando até o final do jogo. Aos 44 minutos, em um escanteio, até mesmo o goleiro foi para a área para tentar o gol.

 

"Nossa torcida já estava indo embora, passou um aviãozinho lá em cima escrito Red Bull campeão. Daí eu fui lá e fiz de cabeça o gol do título", diz Rodrigo Sabiá.

 

O primeiro jogador a comemorar com o zagueiro foi o Brocador. "Ele pulou em cima das minhas costas e fomos para a torcida. Na festa em uma churrascaria, Hernane se soltou. Ele, que era mais fechado, ficou extrovertido pra caramba, brincando com todo mundo".

 

Rodrigo não perdeu a oportunidade de sacanear o companheiro por ter salvo a sua carreira. "Aquela festa, alegria, e eu batia nas costas dele, e falava: ‘Eu salvei sua pele hein cara, imagina 10 mil caras lá querendo te pegar?".

 

Na Copa do Brasil, Rodrigo Sabiá torce para que o enredo seja diferente, mas que tenha um final igualmente feliz ao de 2010. "Tomara que saia um pênalti de novo e ele não erre, para não depender dos outros", se diverte Rodrigo.

 

Fonte: ESPN