"Minha Brasília amarela... Tá de portas abertas...” O automóvel eternizado na letra do grupo musical Mamonas Assassinas é a paixão do atleta Manoel Dionísio. Ao estilo do carro da banda, o ciclista de Floriano-PI, utiliza o transporte para viajar até os locais de competições de ciclismo. A ideia é chamar atenção para divulgar a modalidade esportiva.
Na versão piauiense, a Brasília de 1978 ganha o nome de “Pancadão”. E ao lado dele, Manoel fez mais uma aventura acompanhado de outros dois competidores: Luiz, de 43 anos, e Assuélio, de 27. O trio percorreu mais 100km para participar de um desafio de mountain bike no estado. Foram duas horas de viagem e o receio de ficar no prego.
Para entrar os três ciclistas, bagagens e as bicicletas, um jeitinho. Manoel improvisou dois canos de estacionamento e colocou sobre o automóvel. Devagar, devagar, devagar e sem muita pressa o grupo conseguiu chegar até o destino, a cidade de Oeiras, com um dia de antecedência. A preocupação de o carro parar no meio do caminho foi tanta que Manoel, Luiz e Assuélio resolveram cair na estrada com “uma margem de erro”. Eles têm os motivos. A Brasília amarela possui vazamento no motor, por isso, Manoel anda com dois litros de óleo na reserva.
"Com muito esforço deu tudo certo, devagarinho chegamos. Caso ela quebrasse, ainda teríamos o sábado para chegar, pois a competição foi no domingo. Sempre quando tem competição, vamos com ela. Já são seis competições juntos. Queria um automóvel popular, então comecei a pesquisar alguns. Como a condição financeira estava apertada, comprei a Brasília de um amigo", relata Manoel Dionísio, que trabalha como motorista.
A Brasília “Pancadão” transporta um personagem ilustre. É o paratleta Luiz Alves, que sofreu um acidente de carro há 20 anos e desde então compete nas provas de ciclismo e no triatlo. Com apenas uma das pernas, Luiz não perde o otimismo. Na 11º colocação do ranking internacional de triatlo na categoria TRI 2 (comprometimento severo dos membros inferiores), o competidor brinca com a aventura de viajar no automóvel. O próximo destino, segundo ele, é alimentar esperanças de brigar com uma vaga nas Paralimpíadas Rio 2016.
"Não temos meio de transporte e resolvemos vir na Brasília. Conseguimos chegar, mas quero mesmo alcançar as Paralimpíadas no Brasil", conta Luiz Alves.
A Brasília custou R$ 2.800 a Manoel. O preço, contudo, é inferior ao tamanho do sonho de Manoel. Há seis meses, o atleta participa de uma associação em Floriano responsável por divulgar o ciclismo a iniciantes.
"É um misto de aventura, mas vamos seguindo os nossos desejos. Quem sabe um dia podemos ver o carro ser transformado no Lata Velha (programa do Caldeirão do Huck)", idealiza Manoel.
Fonte: globoesporte.com/pi