O brasileiro João Havelange não é mais presidente honorário da Fifa. O cartola entregou sua carta de renúncia ao cargo no dia 18 de abril, mas o anúncio só foi feito na manhã desta terça-feira pela entidade máxima do futebol.
A saída é estratégica. O relatório do Comitê de Ética da Fifa, divulgado nesta terça, comprovou que Havelange, Ricardo Teixeira e Nicolás Leoz receberam propinas relacionadas a venda de direitos de transmissão para a Copa de 2002 e 2006. Com a renúncia, Havelange evita a punição de ser expulso da entidade máxima do futebol mundial. Pelo mesmo motivo, ele também já havia deixado o COI (Comitê Olímpico Internacional).
Ricardo Teixeira, que deixou a Fifa e a CBF no final do ano passado, e Nicolás Leoz, que renunciou ao cargo de vice-presidente na entidade máxima e também à presidência da Conmebol na semana passada, também fogem de punições.
Os três cartolas receberam milhões de dólares em propinas entre 1992 e 2000 da empresa ISL por conta da negociação da venda de direitos de transmissão para a Copa de 2002 e 2006. O relatório divulgado nesta terça-feira não fala e valores que os dois teriam recebido, mas uma denúncia da BBC diz que Havelange e Teixeira embolsaram cerca de R$ 45 milhões.
“Do dinheiro que foi repassado pela ISMM/ISL, é certo que uma quantia considerável foi canalizada para o ex-presidente da Fifa, Havelange, e para o seu genro Ricardo Teixeira e também para Nicolás Leoz sem que haja indícios de que tenha havido nenhum serviço em compensação. Esses pagamentos foram aparentemente feitos através de empresas de fachada para encobrir o verdadeiro destinatário e devem ser classificados como ‘comissões’, conhecidas hoje como ‘subornos’”, aponta o relatório.
Quem se livra de qualquer denúncia é Joseph Blatter, atual presidente da Fifa. "Não há indicações de que Blatter tenha recebido qualquer comissão da ISL. Também não há indicações de que Blatter esteja envolvido nos pagamentos a Havelange, Teixeira e Leóz", aponta o relatório.
“O que pode ser questionado é se Blatter sabia ou deveria saber que a ISL fez pagamentos a membros da Fifa durante os anos que estava falindo. Mas a conduta do presidente Blatter não poderia ser classificada de forma alguma como má conduta no que diz respeito aos códigos de ética. A conduta de Blatter pode ter sido desajeitada, mas não foi criminosa ao antiética”, completa.
ESPN