Novo técnico da seleção brasileira, Luiz Felipe Scolari volta ao comando da equipe dez anos após deixa-la coberto pelos louros da conquista do pentacampeonato. Contratado em 2001 como solução para uma equipe pressionada pelos maus resultados e vista com absoluta desconfiança por imprensa e torcida, Felipão chega em um momento da carreira um pouco diferente desta vez.
Se há dez anos deixou o time sendo considerado o melhor treinador do futebol do país à época – além do título, estava respaldado pelos bons resultados conquistados com o Palmeiras -, o gaúcho retorna como solução depois de virar ídolo na seleção portuguesa, fracassar no comando do Chelsea, experimentar o futebol uzbeque, além de ser um dos responsáveis por quebrar o jejum de títulos nacionais do Palmeiras e ‘ajudar’ o time paulista a ser rebaixado no Campeonato Brasileiro.
Saída da seleção e glória em Portugal
Poucos dias após a conquista do pentacampeonato, Felipão confirmou o seu desejo de sair do comando da equipe e procurar novos ares. A oportunidade e o novo desafio surgiram no início de 2003, quando foi convidado para dirigir a seleção portuguesa. Na época, a equipe estava a um ano e meio de sediar a Eurocopa de 2004.
No processo de montagem da equipe, Felipão tomou uma atitude enérgica ao barrar o goleiro Vítor Baía, ídolo do Porto, e apostar em Ricardo, do Sporting, como titular da equipe lusitana. Mesmo criticado por parte da torcida local pela escolha, o brasileiro persistiu até o fim com a escolha e foi recompensado: na disputa da Euro, Ricardo defendeu pênalti nas quartas de final contra a Inglaterra, além de converter sua batida para classificar Portugal para semifinal.
O título, no entanto, não veio. Na finalíssima, a seleção portuguesa perdeu a partida para a Grécia, em uma das maiores zebras da história da Eurocopa. O tropeço não atrapalhou a permanência de Scolari na equipe. Pelo contrário: prestigiado, classificou o time para Copa de 2006 e fez história mesmo com a eliminação na semifinal: o quarto lugar conquistado foi o melhor resultado da equipe em Mundiais desde 1966.
Em 2008, foi eliminado nas quartas de final da Eurocopa pela Alemanha, no seu último torneio pela equipe. A falta de títulos não atrapalhou na consagração de Felipão, considerado responsável por levantar o moral da seleção e também por ajudar no desenvolvimento da maior estrela portuguesa, o meia-atacante Cristiano Ronaldo.
O fracasso no Chelsea
Amparado por sete bem sucedidos anos no comando de seleções, Felipão voltou à rotina dos clubes de futebol no dia 8 de julho de 2008, quando foi apresentado oficialmente no Chelsea. O principal objetivo do clube londrino à época era conquistar a sonhada Champions League. Para tanto, o técnico contava com um elenco caro e recheado de estrelas.
Após um início animador – vitória por 4 a 0 sobre o Portsmouth -, o trabalho começou a desandar. Os jornais e tabloides locais começaram a noticiar que o técnico e as estrelas do elenco se desentendiam com frequência. O futebol dentro de campo também não agradava, e os resultados em clássicos decepcionavam: foram seis jogos, com dois empates e quatro derrotas (duelos com Arsenal, Manchester United, Liverpool e Tottenham).
No dia 9 de fevereiro, foi demitido oficialmente pela equipe, que estava em quarto lugar no Campeonato Inglês. Na época, foi a segunda vez que o treinador era dispensado do cargo na carreira –em 1982, ele perdeu o emprego no CSA, primeiro clube que atuou profissionalmente como técnico.
Aventura no Uzbequistão
Após um período sabático, Felipão voltou a assinar contrato com uma equipe em junho de 2009. O destino: o desconhecido futebol do Uzbequistão, onde assumiu o comando do Bunyodkor, clube ‘acostumado’ com brasileiros – havia sido treinado por Zico e contava em seu elenco com Rivaldo, a quem o treinador havia comandado na conquista do penta em 2002.
Bancado por empresários do setor petrolífero, o clube apresentou um projeto descrito como irrecusável ¬pelo técnico. E ele não decepcionou: apesar de não ganhar a Liga dos Campeões da Ásia, o time foi campeão com sobras do Campeonato Uzbeque e ainda venceu uma edição da Copa do Uzbequistão.
Um ano mais tarde, o técnico rescindiu o contrato com os uzbeques e foi comentarista durante a Copa do Mundo de 2010. Foi o início da pavimentação de sua volta ao futebol brasileiro, no Palmeiras.
Palmeiras: polêmicas, reclamações e do céu ao inferno em dois meses
Em julho de 2010, para alegria da torcida palmeirense, Luiz Felipe Scolari foi anunciado como novo treinador do time paulista. Foi o início de um período turbulento para a carreira de Felipão, em que conviveu com muitos bate-bocas com a diretoria do clube, além de dar declarações polêmicas em coletivas.
Uma de suas reclamações mais constantes era em relação aos poucos investimentos que a gestão de Arnaldo Tirone, a partir de 2011, fez para reforçar o elenco. Criticado também pelo pouco retorno que dava para o clube, apesar de seu alto salário, Scolari conseguiu desencantar apenas em no início de julho de 2012, dois anos após sua chegada.
Com o empate no Couto Pereira contra o Coritiba, o Palmeiras conquistou a Copa do Brasil e quebrou um jejum de doze anos sem conquistar um título nacional de maior expressão. A alegria pelo troféu, no entanto durou pouco.
Depois da euforia proporcionada pela quebra do jejum, o Palmeiras não conseguiu embalar no Campeonato Brasileiro. Com tropeços consecutivos nas partidas, a torcida começou a perder a paciência e o temor de um novo rebaixamento ressurgiu. Em setembro, no dia 13, foi anunciada a saída do treinador da comando da equipe. Dois meses mais tarde, o time já sob as ‘rédeas’de Gilson Kleina, foi rebaixado para a segunda divisão do Brasileiro.
Espn