O nome do duelo é pomposo: Superclássico das Américas. Mas a situação em que Brasil e Argentina se enfrentam, nesta quarta-feira, 21, em Buenos Aires, está longe de ser superlativa. Os argentinos vivem uma intensa crise política, deflagrada por medidas recentes da presidente Cristina Kirchner. Uma crise que deixa o clássico em segundo, terceiro plano.
Nas ruas da capital argentina, o jogo não é assunto. "Vai ter um amistoso, né?", perguntou à reportagem um taxista. Outros dois motoristas nem sabiam da existência das partidas. A maior parte das lojas em Buenos Aires está fechada; a população teme que haja manifestações e saques. Até o início da noite de terça-feira, apenas 20 mil ingressos haviam sido vendidos - metade da capacidade de La Bombonera, mítico estádio do Boca Juniors que receberá o duelo entre brasileiros e argentinos, às 22 horas (de Brasília).
O cenário de caos urbano e social na Argentina é o pano de fundo para um jogo que não estava no calendário de nenhuma das duas seleções. A disputa do superclássico, que foi retomada em 2011, estava marcada para os dias 20 de setembro, em Goiânia, e 3 de outubro, em Resistência. No duelo em Goiânia, o Brasil venceu por 2 a 1; a partida de Resistência foi adiada devido à falta de luz no estádio.
Por ser uma partida entre duas das mais tradicionais seleções do planeta, em um palco especial, o superclássico deveria empolgar os argentinos. Mas não é isso que se vê na cidade. Não há cartazes ou anúncios do jogo, nem movimentação de torcedores nos hotéis em que estão hospedadas as duas seleções.
Teste - Apesar de o clima em Buenos Aires não ser dos mais propícios para a disputa de um clássico do futebol mundial, o duelo entre Brasil e Argentina vale como teste para vários dos jogadores. A partida, a última da seleção em 2012, pode dar a atletas que atuam no país uma chance de começar 2013 nos planos do treinador Mano Menezes para a Copa das Confederações.
Mas, por enquanto, os jogadores terão de esperar. Depois de dois dias de treinos em São Paulo, Mano escondeu a escalação do time que entrará em campo. O treinador encerrou a preparação do seu time na terça e confirmou apenas a estreia de Diego Cavalieri no lugar do capitão Jefferson. A outra novidade ficou por conta da entrada de Fred em uma provável parceira com Neymar no ataque.
“Eu fui surpreendido, sim. O Jefferson é um excelente goleiro e está há muito tempo fazendo um ótimo trabalho. O Brasil tem vários goleiros que jogam em alto nível e a concorrência é sempre muito grande. Mas o Mano conhece bem a defesa que ele tem e essa é a oportunidade que ele está me dando para ver como é o meu trabalho”, disse o goleiro Cavalieri.
A presença dos jogadores do Fluminense nesta lista se deve ao fato de Mano Menezes ter mudado a lista de convocação após o incidente em Resistência. O técnico optou por não chamar atletas que disputavam a Copa Sul-Americana com São Paulo e Grêmio e apostou nos tetracampeões nacionais para compor a equipe.
Do lado argentino, o técnico Alejandro Sabella depositará as suas fichas em velhos conhecidos da torcida brasileira. Hernán Barcos, do Palmeiras, Guiñazu, do Internacional, Montillo, do Cruzeiro, e Martínez, do Corinthians, estarão presentes na equipe mandante. Além deles, o destaque vai para o meia Clemente Rodríguez, que é peça importante no esquema tático do Boca Juniors.
As únicas baixas sofridas pelos argentinos se concentraram no meio-campo. O volante titular Rodrigo Braña, do Estudiantes, sentiu um problema muscular e deixará a equipe junto com o experiente Maxi Rodríguez, do Newell’s Old Boys. Em seu lugar foi convocado Leonardo Ponzio, que defende as cores do River Plate no Campeonato Nacional.
FICHA TÉCNICA
ARGENTINA X BRASIL
Local: La Bombonera, em Buenos Aires (Argentina)
Data: 21 de novembro de 2012 (Quarta-feira)
Horário: 22 horas (de Brasília)
Árbitro: Enrique Osses (Chile)
Assistentes: Francisco Mondria e Carlos Astroza (ambos do Chile)
ARGENTINA: Ustari; Desábato, Sebá Domínguez e Lisandro López; Peruzzi, Guiñazu, Ponzio, Montillo e Clemente Rodríguez; Martínez e Barcos
Técnico: Alejandro Sabella
BRASIL: Diego Cavalieri; Lucas Marques (Marcos Rocha), Réver, Leonardo Silva (Durval) e Fábio Santos; Ralf, Paulinho, Arouca e Thiago Neves; Neymar e Fred
Técnico: Mano Menezes
ESPN