Bola debaixo do braço. Chamando a responsabilidade para si, faz sinal negativo para Diego Souza. Os instantes que antecederam a cobrança do pênalti marcado a favor da equipe vascaína, no início do segundo tempo, resumiram a atuação de Felipe na semifinal da Taça Rio entre Vasco e Flamengo. O camisa 6 assumiu a postura de líder e comandou o time na vitória por 3 a 2 sobre o rival.
Dois desses gols foram marcados pelo Maestro, um no pênalti que fez questão de bater, mesmo não sendo o cobrador oficial, e outro em um chutaço de fora da área, que bateu na trave antes de entrar. Em ambos, fez questão de correr em direção à torcida, bater no peito e beijar o escudo cruz-maltino.
- Em um clássico, é importante exercer a liderança em prol do grupo. A dedicação de todos é o que conta, como o sacrifício do Alecsandro em ajudar na marcação, por exemplo. O Vasco tem um elenco muito forte. O Juninho ficou no banco porque era o melhor para o grupo. O Vasco é uma família muito unida. Eu fui um pouco mais importante do que outros nesse jogo, mas na próxima partida vai ser outro. É assim que se ganha títulos – disse o meia.
Além dos gols, era dos pés do meia que saíam as melhores jogadas do time. Por várias vezes, o camisa 6 deixou seus companheiros em boa situação para finalizar. Isso até ser substituído, aos 25 do segundo tempo. Cansado depois de ter ajudado na marcação durante todo o tempo em que esteve em campo, o jogador de 34 anos foi ovacionado pela torcida, que reconheceu seu esforço. No banco, sofreu com o resto da partida e, nos minutos finais, foi para a beira do gramado pedir o fim do jogo. No apito final, abraçou o técnico Cristóvão Borges e entrou no campo para cumprimentar um a um seus companheiros.
Os números da partida mostram a importância do meia. Além de ter marcado dois gols, finalizou mais quatro vezes - no rebote de uma delas, Eder Luis fez o outro gol do time. Dos 18 passes que deu, apenas um não foi executado corretamente. O jogador ainda roubou duas bolas que ajudaram a puxar contra-ataques. E, embora tenha saído pouco do meio-campo (veja no mapa de calor abaixo), percorreu 7,2 km, um pouco menos que Rômulo (9,5 km), o vascaíno que maior distância percorreu, mas atuando os 90 minutos.
- Felipe é um jogador experiente, com qualidade técnica muito grande. Era o articulador do nosso time. Montamos o time de uma forma que ele organizasse a equipe. Ele assumiu a responsabilidade, o que não é grande coisa para ele, que já está muito acostumado com isso. A equipe deu um suporte muito grande para ele – afirmou o técnico Cristóvão Borges.
Na entrevista coletiva, brincadeiras e ironias a Love
Mas não foi só dentro das quatro linhas que Felipe se destacou neste domingo. Na entrevista coletiva após a partida, o jogador arrancou risadas com as tiradas inteligentes e a resposta a Vagner Love. Ao adversário, que havia dito que queria o time do Vasco inteiro para “depois não ter desculpa”, o meia respondeu:
- As partidas se ganham dentro de campo e não fora. Agora posso responder ao Love. Ele tem 28 dias para descansar e se preparar para o Brasileiro. Futebol se ganha dentro de campo. Quem ganha a vida com a boca é cantor. Agora ele vai ter muito tempo para curtir com a família e, no domingo, às 16h, nos assistir na final.
Outro momento engraçado aconteceu quando foi questionado sobre a última vez em que marcara dois gols no mesmo jogo. Afinal, estava difícil achar uma resposta (foi a primeira partida em que isso aconteceu desde o retorno do meia ao clube, em agosto de 2010).
- Pergunta difícil essa. Não lembro. Acho que nunca fiz dois gols. Fico muito feliz em servir os companheiros. Por isso que amanhã (segunda) é feriado.
Felipe e o restante do time do Vasco têm uma semana para se preparar até a final da Taça Rio, contra o Botafogo. O jogo será disputado no próximo domingo, no Engenhão, a partir das 16h (horário de Brasília). A Rede Globo transmite ao vivo o duelo.
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