Na nona reportagem da série Memória UESPI, vamos contar a história do Campus Deputado Jesualdo Cavalcanti Barros, localizado na cidade de Corrente, mais de 600km da capital.

 

Jesualdo Cavalcanti Barros é um político piauiense que lutou pela educação da região extremo sul do Piauí. No decorrer da vida exerceu a função de secretário do estado, conselheiro do Tribunal de Contas, escritor e participou ativamente da política estudantil dos anos 1950 e 1960. Conheça sua trajetória.

 

O nome do campus

A movimentação pela educação superior na região sul do Piauí ocorreu entre os anos de 1988 e 1992. Um grupo liderado por Jesualdo Cavalcanti criou a Fundação de Ensino Superior do Sul do Piauí (FESPI), instituição comunitária de abrangência em vários municípios.

 

“Tinha lá em Corrente um pessoal do Rio Grande do Sul e um parente deles foi visitar lá a família, né? E esse cidadão era vice-reitor da universidade de Passo Fundo, o professor Agostinho Both. Então, isso nos motivou muito a criar uma universidade no mesmo modelo dessa de Passo Fundo, que é uma universidade comunitária. Nós conseguimos o apoio do Ministério da Educação, que nesse tempo era o Hugo Napoleão, que era o ministro, e conseguimos recursos. A universidade de Passo Fundo passou a dar assessoria a nós em Corrente, inclusive organizando todo projeto de construção. Construímos um projeto de três mil metros e instalamos tudo direitinho”, conta Jesualdo.

 

A região recebeu do ministro da educação na época, senador Hugo Napoleão, recursos para construção e equipamentos do prédio, com dez salas, auditório, biblioteca, cinco laboratórios e máquinas agrícolas.

 

Corrente teve o primeiro vestibular em 1992, ofertando cursos de Agronomia em parceria com a Universidade Federal do Piauí (UFPI) e Pedagogia com a Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da Educação do Estado do Piauí (FADEP), entidade mantenedora dos Centros de Formação de Recursos Humanos para o ensino da rede pública estadual em nível superior, Centro de Teleducação, Centro de Pesquisa. Segundo o livro Memórias dos Confins (2007), de Jesualdo Cavalcanti, o primeiro vestibular ofereceu 60 vagas para o curso de Pedagogia, sendo metade delas para rede estadual e municipal de ensino, e 50 vagas para curso de Agronomia.

 

Em 25 de fevereiro de 1993, as instalações do prédio construído foram cedidas para UESPI, que estava autorizada a funcionar com uma estrutura multicampi em Corrente, Teresina, Floriano, Picos e Parnaíba, através do decreto do presidente Itamar Franco.

 

A instituição passou a ser chamada de campus avançado Jesualdo Cavalcanti Barros, através do decreto nº 8997, de 24 de setembro de 1993, assinado pelo então governador na época, Antônio de Almendra Freitas Neto. Segundo Jesualdo, a homenagem recebida é fruto de um esforço de toda comunidade, com ajuda dos recursos federais dele como deputado federal na época.

 

Aquele tempo se fez um esforço muito grande, uma reunião de prefeitos da região, que todos lidavam com problemas da falta de ensino superior. Então, onde é que se estudava? Se estudava em Brasília, se estudava em Salvador, Recife. Era o destino normal dos estudantes daquela região. Vários municípios gravitam em torno de Corrente. O pessoal vestiu a camisa mesmo, as prefeituras passaram a subsidiar, a fornecer recursos de fundo de participação, para essa entidade que foi a primeira fundada, a FESPI”, contou.

 

Jesualdo descreve em Memórias dos Confins o orgulho que foi ter participado da construção da UESPI em Corrente, por ter proporcionado o acesso de tantas pessoas a educação superior, sobretudo os mais pobres. “Eu sou fruto da educação. Eu sou de uma família de 16 irmãos. Quase todos têm curso superior, apesar das distâncias e das dificuldades. Eu vi desde o começo, pelo exemplo de meus pais, que a educação é um caminho. Sem ela não era possível”, revelou.

 

Trajetória: marcas da repressão

Jesualdo nasceu no seio de uma família numerosa no dia 18 de fevereiro de 1940. O filho de Sebastião de Souza Barros e Iracema Cavalcante Barros foi o décimo primeiro dos 16 irmãos: Justino Cavalcante Barros, Gildete Cavalcante Barros Paraguassu, Maria Cavalcante Rodrigues, Cleomar Cavalcanti Barros Dantas, Joaquim Pimenta Barros, Ildete Cavalcante Barros Benck, Ivanilde Cavalcante Barros, Iracema Cavalcante Barros, João Cavalcante Barros, José Cavalcante Barros, Jailson Cavalcante Barros, Germano Mário Cavalcante Barros, Carlos Augusto Cavalcante Barros, Sebastião Cavalcante Barros, Nivaldo Cavalcante Barros.

 

Casou-se com Maria do Perpetuo Socorro Rocha Cavalcanti Barros, com quem teve os filhos Jesualdo Cavalcanti Barros Filho (in memorian), Juliana Rocha Cavalcanti Barros e Marina Rocha Cavalcanti Barros Mendes. Viveu em Corrente durante os primeiros 14 anos de vida, depois se mudou para Goiânia e quando retornou para o Piauí passou a residir em Teresina, cidade em que mora até hoje.

 

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