O cinema é um espelho da nossa sociedade e, muitas vezes, os filmes servem como documentos para diferentes épocas. Por isso mesmo, assistir a longa-metragens pode ser uma forma eficiente e divertida de se estudar para o vestibular. Um site nacional ouviu professores que indicaram dez filmes que você precisa ver antes da temporada de provas. De diferentes épocas e gêneros, os títulos têm em comum o respeito à veracidade dos fatos, além de passearem por temas recorrentes nos concursos mais tradicionais, como o Enem.
Produções como “O Senhor das Armas” (2005), que tem Nicolas Cage no elenco, e “A soma de todos os medos” (2002), com o astro Morgan Freeman, passando pelo clássico “O Grande Ditador” de Charles Chaplin e até o recém-lançado “Tropicália” fazem parte da eclética lista. Como define o professor de história Marcelo Menezes, filmes reforçam os estudos porque, ao ver o fato reconstituído, é possível compreender com mais clareza os eventos.
Marcelo apenas ressalta que é preciso cuidado na hora de escolher os títulos. Muitas produções deturpam a realidade histórica. E, caso isso não seja percebido, os filmes podem até levar os candidatos ao erro na hora da prova. Por isso, o ideal é que os professores sejam consultados sobre o conteúdo.
Veja a lista:
“O Senhor das Armas” (2005), de Andrew Niccol
Segundo Marcelo, o filme aborda a nova ordem mundial formada após a Guerra Fria. Além disso, discute o comércio de armas na região do Leste Europeu e na África. Para o professor, a linguagem utilizada também merece destaque, pelo tom de documentário e respeito à veracidade dos fatos. “É o típico filme que todo vestibulando deveria assistir.”
“Treze dias que abalaram o mundo” (2000), de Roger Donaldson
O longa traz a crise dos mísseis de 1961 entre Estados Unidos e União Soviética, com a ameaça de a União Soviética instalar ogivas nucelares em Cuba. “É bem fiel à história e interessante pela frequência com que a Guerra Fria aparece nos exames de história e geografia”, afirma Marcelo.
“A soma de todos os medos” (2002), de Phil Alden Robinson
Também com a nova ordem mundial em foco, a produção aborda o universo dos ataques terroristas e o medo dos norte-americanos diante desta ameaça. Para Marcelo, trata-se de um tema bastante contemporâneo e que tem aparecido nos vestibulares mais tradicionais.
“O auto da Compadecida” (2000), de Guel Arraes
O humor ajuda muito o estudante a assimilar determinados assuntos, na opinião de Marcelo. E o filme em questão é um ótimo exemplo. Na narrativa, o espectador pode compreender bem a figura do sertanejo e suas dificuldades, além de questões acerca do cangaço e dos latifundiários. “É uma aula sobre coronelismo.”
“O Grande Ditador” (1940), de Charles Chaplin
Se o humor é importante, este filme é uma verdadeira pérola do gênero. Como define Marcelo, trata-se de uma ótima oportunidade para reforçar os conhecimentos acerca do regime nazi-fascista. De quebra, o final é marcado por um sensacional discurso entoado por Chaplin.
“Xingu” (2012), de Cao Hamburger
Dica do coordenador de geografia da Rede PH, Cláudio Ribeiro Falcão, que considera esta obra importante por apresentar uma noção sobre a construção das políticas indigenistas no Brasil. Ainda, segundo ele, é possível compreender as ações de integração do território nacional aplicadas entre as décadas de 1950 e 1970, bem como a necessidade da criação das reservas e o conflito de interesses que envolve a questão.
“Tropicália” (2012), de Marcelo Machado
O documentário que acaba de chegar aos cinemas é outra sugestão de Cláudio. Ele indica o longa para que os estudantes possam compreender o discurso tropicalista e sua ligação com o movimento antropofágico, resgatado da Semana de Arte Moderna de 1922. Segundo ele, essa mistura diz muito sobre a construção da identidade brasileira. “Também dá para saber um pouco mais sobre o choque entre a ditadura militar e os movimentos culturais no período.”
“11 de setembro” (2002), de vários diretores
Composto por 11 curtas-metragens assinados por diretores de diferentes de nacionalidades, é uma ótima oportunidade para incrementar o repertório de informações sobre os atentados que marcaram a data. De acordo com Cláudio, cada filme apresenta uma visão diferenciada sobre o fato, mostrando como o episódio reverberou no restante do mundo.
“Crash – No limite” (2004), de Paul Haggis
O filme, na visão de Cláudio, reproduz um mosaico étnico, pelo qual é possível compreender a formação da sociedade americana. No desenrolar da trama, o público observa o conflito de etnias existente no país, bem como a separação da população por guetos. A visão é importante, inclusive, para que se compreenda os recentes discursos defendidos pelo presidente Brack Obama acerca da sociedade americana.
“Nós que aqui estamos, por vós esperamos” (2000), de Marcelo Masagão
Além de trazer todos os conflitos e guerras do século XX, a produção aborda a inserção da tecnologia na rotina do homem e o aparecimento da sociedade do consumo. O filme também traz o surgimento de ideologias e movimentos, como o feminismo e a defesa dos direitos dos negros. De quebra, ainda dá para refrescar a memória acerca do Fordismo.
Extra.com