Aprofundando o debate interdisciplinar entre Direito, Psicologia e Neurociência, o Curso de Direito da Universidade Estadual do Piauí (UESPI), Campus Clóvis Moura, promoveu entre os dias 5 e 7 de junho o “Seminário de Psicologia Jurídica, Psicanálise e Neurociência”, realizado no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), reunindo estudantes, professores e profissionais de diversas áreas.
O evento foi organizado pelo professor Jardel de Carvalho, coordenador do grupo de pesquisa “Teoria Crítica, Teorias da Justiça e Direitos Humanos”, e nasceu da proposta de expandir os debates da disciplina de Psicologia Jurídica para além da sala de aula, por meio de uma ação de extensão. “A ideia era criar um espaço de diálogo com outros profissionais, aprofundando temas atuais e relevantes da Psicologia Jurídica, incluímos discussões sobre os novos desenvolvimentos da Neurociência, a questão da memória e outras contribuições importantes que a Psicanálise pode oferecer para o campo do Direito”, explicou o docente.
Durante o seminário, especialistas abordaram tópicos como o funcionamento da mente humana em contextos jurídicos, os desafios éticos e técnicos do uso de evidências neurocientíficas nos tribunais, e as interfaces entre inconsciente, subjetividade e responsabilidade legal. O papel da memória como elemento-chave em processos judiciais, e suas fragilidades, também foi tema central.
O professor Lucas Dannilo, docente adjunto de Psicodiagnóstico do curso de Psicologia da UESPI, contribuiu para o evento com uma instigante reflexão sobre a avaliação e o diagnóstico da psicopatia no contexto forense. Em sua exposição, abordou as principais teorias que fundamentam o entendimento clínico desse transtorno, especialmente em situações que envolvem decisões judiciais.
“Eventos como esse contribuem para ampliar o conhecimento e para a formação de futuros profissionais da área, considerando principalmente o destaque que têm para a prática interdisciplinar e a compreensão psicológica do funcionamento da mente humana e dos principais processos comportamentais que influenciariam decisões de magistrados e outros operadores do direito”, sua fala reforçou a importância de integrar o saber psicológico às práticas jurídicas, promovendo uma leitura mais sensível e técnica dos sujeitos envolvidos em processos legais.
A estudante Alícia Maria Rodrigues Torres Cunha, do 6º bloco do curso de Bacharelado em Direito destacou a importância do seminário ao aproximar os estudantes da dimensão humana do exercício jurídico. “Como estudante de Direito, vou trabalhar muito com pessoas, só que durante a nossa graduação, querendo ou não, a gente se afasta um pouco delas, porque fica muito na teoria. A prática não tem tanto essa conexão, sabe? Isso pode influenciar bastante, porque a gente vai, em determinadas situações, defender alguém que está num estado psicológico bem frágil, que não vai conseguir lidar com determinadas situações, e aí cabe a nós mediar isso”,relatou a discente.
Uespi