Em 2024, o Piauí registrou mais de 15 mil casos de dengue e 24 mortes provocadas pela doença. Para colaborar com a popularização de conhecimentos a respeito da doença, a Universidade Federal do Piauí (UFPI) promove, por meio de suas diversas unidades, ações para reforçar à comunidade interna e também à população em geral a necessidade de redobrar os cuidados com a dengue, especialmente, com o início do período chuvoso. São mobilizações em escolas, treinamentos e oferta de cartilhas, divulgação de atualização de pesquisas contra a doença e formações a autoridades de saúde em municípios.
Educação em Saúde nas Escolas
Uma das ações realizadas enfatizam a educação de saúde voltada ao público escolar. O projeto de extensão “Era uma Vez na Escola: prevenindo infecções por meio da educação em saúde”, tendo à frente a professora Daniela Freitas, docente do Departamento de Parasitologia e Microbiologia do CCS, leva conhecimento e diálogo a escolas municipais, produzindo um ambiente lúdico para favorecer aprendizado sobre a dengue.
“Tudo que a criança aprende na escola, ela leva pra casa de alguma forma e ela vai discutir isso com a família, ela vai interagir com a família. Então não é um conhecimento que fica só restrito a escola. A criança é um dos maiores propagadores, um dos maiores carreadores de conhecimento que tem e é por isso que a gente trabalha também na escola”, explica a coordenadora do projeto, Profa. Daniela Freitas.
O projeto tem participação de alunos de graduação de Enfermagem, Nutrição, Odontologia, Medicina e Biologia. Prevê treinamentos com equipes pedagógicas, atividades lúdicas, palestras com pais e responsáveis e a produção e distribuição de materiais educativos.
Por meio de visitas às escolas, é disponibilizada a cartilha trilíngue ‘Ensinando sobre a dengue na comunidade: informações sobre a doença, o vetor e as medidas de prevenção’, material produzido pelos alunos de pós-graduação em enfermagem da UFPI e de outras universidades.
A cartilha traz, em forma de narrativa ilustrada, informações sobre a compreensão dos sintomas, diagnóstico, tratamento e, as medidas de prevenção. “É importante a gente trabalhar nas escolas, chamar a atenção das crianças para prevenção, porque você prevenindo evita custos de hospitalização, evita custos para o Estado no tratamento, e também evita evasão escolar, evita que essas crianças tenham problemas em casa com os seus pais”, explica a coordenadora do Projeto, Professora Daniela Freitas.
Acesse a cartilha aqui.
Diálogo com municípios
Outra linha de ação na Universidade é a promoção de ações que auxiliem gestores a elaborar políticas públicas eficazes contra a dengue com base em conhecimento científico. O Centro de Inteligência em Agravos Tropicais Emergentes e Negligenciados (CIATEN) deve iniciar nas próximas semanas treinamentos voltados a gestores estaduais e municipais com informações sobre as intervenções mais eficazes, com base em evidências científicas.
“Realizamos uma análise detalhada de todas as revisões sistemáticas disponíveis sobre o tema, classificando as intervenções existentes de acordo com a qualidade das evidências e sua eficácia comprovada. Avaliamos se os estudos que embasam essas intervenções possuem rigor metodológico suficiente para serem recomendados”, explica o Coordenador Científico do CIATEN, Bruno Aguiar.
Entre as ações do CIATEN voltadas à dengue, está a elaboração de um mapa de evidência, que traz uma lista de estratégias eficazes contra a arbovirose para auxiliar gestores na definição mais eficaz de políticas públicas para enfrentamento da doença.
Em um esforço para alinhamento da ciência e políticas públicas, o CIATEN também organiza reuniões temáticas com gestores, chamadas de diálogos deliberativos. A pesquisadora da UFPI e integrante do CIATEN, Lilian Caternacci, explica que a ideia é discutir, com os municípios onde os casos de dengue e de outras arboviroses estão elevados, quais intervenções podem ser implantadas para impactar a saúde da população com redução efetiva de casos.
“A gente conversa com eles (os gestores) sobre o que precisaria chamar mais atenção. Sem dúvida nenhuma, vacina é o que precisa realmente a gente estar atento para fazer. Outra coisa é intensificar a colocação de telas de proteção nas casas. Já o uso do fumacê, que todo mundo acha que vai resolver o problema, não é algo indicado com efeito realmente positivo. Então ele até pode ser usado, mas em determinadas condições de análise”, explica a pesquisadora da UFPI e integrante do CIATEN, Lílian Catenacci, ao explicar que a programação dessas reuniões em 2025 será anunciada em breve.
Ufpi