Levantamento feito com base nas inscrições do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) indica que a discrepância entre a nota de corte dos estudantes cotistas é muito pequena em relação aos da ampla concorrência. Na comparação, o Ministério da Educação montou uma série de dados de diferentes cursos, como medicina, pedagogia, direito, administração e engenharia elétrica, entre outros, em diferentes universidades do Brasil.
O curso de medicina no campus de Fortaleza da Universidade Federal do Ceará (UFC), por exemplo, teve nota de corte na ampla concorrência de 783. Candidatos autodeclarados pretos, pardos ou indígenas, com renda familiar bruta per capita igual ou inferior a um salário mínimo e meio, que cursaram integralmente o ensino médio em escola pública obtiveram nota de corte, no mesmo curso, de 745,32. Já os estudantes que, independentemente da renda, cursaram integralmente o ensino médio em escola pública tiveram nota igual a 774,26.
No curso de engenharia elétrica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a nota de corte da ampla concorrência foi de 771,39. Aqueles que cursaram integralmente o ensino médio em escola pública obtiveram 761,03.
Para o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, os dados reforçam previsão do MEC sobre o bom desempenho dos estudantes cotistas. “Nesse primeiro momento das cotas, o topo do ensino público tem um desempenho muito próximo ao da ampla concorrência”, disse. “Toda escola pública pode ser uma boa escola.”
Qualidade — Ainda assim, o ministro salientou que o sistema de cotas precisa servir como estímulo para a melhoria da qualidade do ensino médio no país. “Esses resultados não podem levar o MEC a uma acomodação”, alertou. “O grande desafio é instituir um programa ousado e corajoso para redefinir o ensino médio.”
O ministro lembrou que o MEC trabalha com os secretários estaduais de Educação em um conjunto de propostas para o redesenho curricular dessa etapa do ensino. (Paula Filizola)
Confira a Lei nº 12.711, de 29 de agosto de 2012 (Lei de Cotas).
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