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merenda-saudavelAos 13 anos, Matheus Rodrigues estuda em uma escola particular de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, e tem hábitos alimentares iguais aos da maioria das crianças nessa faixa etária. Doces, frituras, salgadinhos e refrigerantes encabeçam a lista de preferências.

 

E é na hora do recreio que ele e os colegas de escola aproveitam a variedade de guloseimas.

 

— A cantina vende de tudo. Tem lanche natural e suco, mas também tem doces e salgadinhos. Até brigadeiro eles vendem. Eu tento escolher só lanches e sucos, porque em casa minha mãe vive dizendo que eu só como porcaria. Mas de vez em quando eu compro salgadinho, porque é mais barato que o lanche natural.

 

Para incentivar as escolas particulares a oferecer uma alimentação realmente saudável a crianças como Matheus, o governo federal estabelece, nesta quarta-feira, 4, um acordo com a Fenep (Federação Nacional das Escolas Particulares).

 

Desenvolvido pelo Ministério da Saúde, o projeto terá como base o manual Cantinas Escolares Saudáveis: Promovendo a Alimentação Saudável, que já foi entregue em instituições públicas.

 

O manual, que será distribuído aos gestores escolares, traça um plano de seis meses para que as cantinas passem por uma reformulação e comecem a oferecer, exclusivamente, comidas nutritivas, além de dar dicas de como trabalhar o tema com os estudantes.

 

O projeto ainda não foi implantado, mas já chamou a atenção de escolas como o Colégio Monteiro Lobato, em Brasília (DF), que querem oferecer um cardápio mais nutritivo aos alunos. A diretora da instituição, Ana Maria de Castro Mesquita, conta que é difícil mudar o hábito das crianças e que pretende implantar o projeto aos poucos.

 

— Se a criança chega na cantina e tem um brigadeiro e uma maçã, é claro que ela não vai querer a fruta. Por isso, a ideia é implantar o novo cardápio aos poucos, tirando os alimentos mais calóricos e apresentando alternativas tão gostosas quanto.

 

Mudança de hábitos

Em São Paulo, instituições como a Escola Castanheiras, da capital, já aderiram ao movimento por uma alimentação mais saudável. Desde 2009, escolas públicas e particulares do Estado são orientadas a não oferecer, mesmo em cantinas terceirizadas, refrigerantes e bebidas artificiais, além de alimentos que ultrapassem 1% da energia total proveniente de gordura trans. Com isso, ficam restritas frituras, doces e embutidos.

 

Para transformar de vez a rotina alimentar dos alunos, a Escola Castanheiras contratou uma equipe de nutrição, que cuida desde o cardápio da cantina até as dietas específicas dos alunos com tendência à obesidade ou com necessidades alimentares especiais.

 

Segundo a nutricionista da instituição, Camila Podete, não basta só dar comida nutritiva, o correto é mudar o pensamento com relação aos alimentos.

 

— As crianças e adolescentes precisam entender que não é porque é saudável que uma comida é ruim. Mas, para isso, eles têm que ter acesso a variedades de frutas, legumes e verduras, além de pratos atraentes que tragam esses alimentos.

 

Na cantina da escola, conta Camila, os alunos já trocaram as coxinhas por quiches, o refrigerante por suco e as balas por gelatina.

 

— O espaço também vende chocolates em pequenas quantidades, mas os funcionários são orientados a oferecer outro alimento menos calórico na hora da compra. E isso, muitas vezes, é o suficiente para a criança mudar de opinião.

 

A escola também escolheu um dia no mês para oferecer algum alimento “especial”, que normalmente é um doce.

 

— A mudança de hábito no cotidiano permite que a criança “fuja” do alimento saudável de vez em quando. Afinal, eles ainda são crianças e vão continuar adorando esse tipo de comida.


R7