• hospital-de-olhos.jpg
  • roma.png
  • vamol.jpg

No mês marcado pela atenção aos cuidados com a saúde dos homens, o Novembro Azul, pesquisadores do Instituto do Sono de São Paulo pretendem descobrir quais os efeitos da apneia obstrutiva do sono sobre o PSA (antígeno prostático específico), o principal biomarcador usado para detectar o câncer de próstata.

cuidarsono

O biólogo Allan Saj Porcacchia, autor do estudo, explica que outras pesquisas sugerem que o distúrbio do sono pode ser um dos fatores de risco para o tumor maligno. “Pelos estudos que foram feitos recentemente, é notada uma associação. Mas, como são pesquisas observacionais, não se tem uma avaliação do porquê há maior incidência de câncer de próstata em homens com apneia obstrutiva do sono”, diz ele. E acrescenta: “Em nossa análise, também serão consideradas outras variáveis, como concentrações de alguns hormônios (testosterona e estrogênio, por exemplo), fatores inflamatórios, idade e índice de massa corporal (IMC). Podemos dizer que o estudo avaliará indiretamente essa associação, buscando entender quais desses fatores, juntamente com a apneia obstrutiva do sono, poderiam alterar os níveis de PSA”.

A pesquisa vai usar como base de dados a quarta edição do EPISONO, estudo feito pelo Instituto do Sono que verifica a qualidade e a influência dos distúrbios de sono na saúde da população de São Paulo. Por que as doenças podem estar relacionadas?

Ainda não são claros os motivos que podem relacionar as duas doenças. Mas é sabido que a falta do sono gera uma série de problemas ao organismo, entre eles estão o estado de inflamação crônica do corpo e a queda do sistema imune. “A partir do momento que o paciente com apneia obstrutiva do sono tem um sono de má qualidade, ele terá uma qualidade de vida afetada. Isso, associado à inflamação crônica, vai atingir o sistema imune, que pode ficar enfraquecido. De alguma maneira, interfere na capacidade das células de reconhecerem o corpo estranho, seja ele um vírus, uma bactéria e até mesmo uma célula tumoral”, observa Allan. A apneia obstrutiva do sono é caraterizada por várias paradas na respiração durante o sono, o que pode gerar uma falta de oxigenação. “Mesmo sendo interrupções breves, elas podem ocorrer diversas vezes numa mesma noite, por vários dias seguidos, e acabam gerando um estresse oxidativo. Isso diminuirá a saturação de oxigênio no sangue, o que vai afetar a oxigenação do organismo. Já se sabe que na falta de oxigenação, que é chamada hipoxia, existe uma modulação no metabolismo das células tumorais e que elas preferem essas vias de menor oxigenação”, alerta o biólogo. Quais são os sintomas da apneia obstrutiva do sono?

A grande preocupação dos especialistas é que muitas pessoas têm a apneia obstrutiva do sono e não sabem. Os principais sintomas do distúrbio são o ronco excessivo, sonolência durante o dia, o cansaço na hora que acorda mesmo depois de uma noite de sono, a sensação de que a pessoa está dormindo e acorda sem ar e o fato de dormir de boca aberta.

Além de outros sinais mais subjetivos, como alteração de humor, memória e diminuição da libido. O diagnóstico é feito por meio de um exame chamado polissonografia, que não tem cobertura no SUS (Sistema Único de Saúde).

“Além dos exames mais difundidos, que são o toque retal e o exame PCA, é importante que os homens busquem um profissional do sono, caso apresentem alguns dos sinais do distúrbio do sono. Não podemos dizer que a apneia obstrutiva do sono causa o câncer de próstata, não há causalidade. Provavelmente existe um risco aumentado da doença nesse grupo”, conclui o pesquisador.

R7