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antibioticCientistas da Universidade de Umeå, na Suécia encontraram indícios claros da relação entre o consumo de antibióticos e o risco aumentado do desenvolvimento de câncer de cólon nos próximos cinco a dez anos.

Os resultados foram publicados nesta quarta-feira (1º) no Jornal do Instituto Nacional do Câncer, da Oxford University Press.

A pesquisa analisou dados de 40 mil casos de câncer de cólon e identificou um risco de 17% maior de desenvolver este tipo de tumor entre indivíduos que fizeram uso de antibióticos por mais de seis meses.

O risco aumentado, no entanto, foi observado no cólon ascendente — a primeira parte a ser alcançada pelos alimentos após o intestino delgado. Não houve risco maior no cólon descendente nem no reto.

De acordo com os autores do estudo, o aumento do risco deste tipo de câncer foi observado até mesmo entre pessoas que fizeram um único tratamento de antibióticos.

A principal suspeita dos pesquisadores é de que o medicamento, embora fundamental para o tratamento de uma série de doenças, tenham impacto na microbiota do intestino.

Para entender como os antibióticos aumentavam o risco de câncer de cólon, os cientistas utilizaram dois tipos de tratamento em diferentes pacientes com infecção urinária: antibiótico e outra droga bactericida não antibiótica que não afeta a microbiota.

Ao final, eles perceberam que esta outra droga não aumentou o risco de câncer, o que deixou mais clara a relação do antibiótico com os tumores.

“Os resultados reforçam o fato de que há muitos motivos para restringir os antibióticos. Embora em muitos casos a terapia com antibióticos seja necessária e salve vidas, no caso de doenças menos graves que podem ser curadas de qualquer maneira, deve-se ter cuidado. Acima de tudo, para evitar que as bactérias desenvolvam resistência, mas, como mostra este estudo, também porque os antibióticos podem aumentar o risco de câncer de cólon futuro ”, explica em comunicado Sophia Harlid, pesquisadora de câncer na Universidade de Umeå.

No Brasil, os tumores de cólon e reto representavam cerca de 9% de todos os novos casos em 2020, totalizando 41 mil diagnósticos naquele ano.

A pesquisadora, todavia, diz que não há motivo para que pessoas que tenham feito uso de antibióticos se preocuparem.

"O aumento do risco é moderado e o efeito sobre o risco absoluto para o indivíduo é bastante pequeno."

O estudo sueco confirma os achados de um trabalho realizado anteriormente no Reino Unido.

Os cientistas concluíram, em 2019, que foram receitados antibióticos a 70% (20.278) dos pacientes com câncer intestinal e retal e a 68,5% (93.862) entre as pessoas que não tinham câncer. Para quase seis em cada dez participantes da pesquisa foi prescrito mais de um tipo de antibiótico.

R7