Uma nova pesquisa do Instituto de Neurociência do Trinity College, em Dublin, é quase um bálsamo comparada com as notícias que enfatizam os aspectos do declínio cognitivo que ocorre com o envelhecimento. Na contramão do noticiário, o trabalho, publicado na revista “Psychology and Aging”, mostra que adultos mais velhos conseguem manter o foco no que fazem e são menos afetados pela ansiedade e agitação mental que perturbam os mais jovens.
O cérebro humano tem uma tendência natural de divagar e é preciso esforço para não deixar que nossa atenção se disperse. No entanto, estudos recentes apontam que, entre idosos saudáveis, a tendência à dispersão se reduz com o avançar da idade. Apesar de várias teorias terem sido elaboradas, ainda não há uma explicação para o mecanismo neuropsíquico por trás da característica.
A equipe de pesquisadores do professor Paul Dockree realizou testes cognitivos e psicológicos com grupos de diferentes faixas etárias e chegou às seguintes conclusões:
1) Os adultos mais velhos apresentavam tendência menor de divagar: apenas 27% relatavam o problema, enquanto o percentual chegava a 45% entre os mais jovens.
2) Apesar de o desempenho dos seniores em testes cognitivos padronizados ser pior, eles tinham um nível menor de ansiedade e depressão. 3) A análise também destacou a capacidade de adaptação dos idosos, que foram capazes de manter o foco e se motivar para realizar as tarefas.
Para o doutor Dockree, apesar de o senso comum considerar que os velhos são distraídos, essa não é uma verdade universal: “nossa pesquisa sugere que idosos podem ser mais focados e menos afetados pela ansiedade que os jovens. Além disso, são capazes de mitigar os efeitos negativos do declínio cognitivo através da motivação e da adoção de estratégias para controlar a dispersão”.
G1
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