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bipolarQuase 10 milhões de brasileiros têm transtorno bipolar. Parece simples classificar mudanças súbitas de humor, mas não é tudo a mesma coisa. Como diferenciar a bipolaridade e a depressão? O Bem Estar desta quinta-feira (23) conversou com os psiquiatras Diego Tavares e o consultor Daniel Barros sobre sintomas, diagnóstico e tratamentos.

O nosso humor sofre oscilações dependendo dos estímulos que recebemos no dia a dia. Faz parte da vida estarmos hora feliz, hora triste, mas isso não pode ser confundido com transtorno bipolar.


Transtorno bipolar
O transtorno bipolar é uma disfunção do funcionamento cerebral. Os danos são sentidos em todo o corpo e quem tem a doença sofre com inflamações até no organismo. “Pessoas com transtorno bipolar tem mais obesidade, mais infarto do miocárdio, mais alterações de pressão arterial”, explica o psiquiatra Rodrigo Bressan.

O transtorno bipolar reduz a expectativa de vida em pelo menos 10 anos.
No transtorno bipolar existe uma perda da capacidade do sistema nervoso de regular adequadamente o humor. São dois tipos de bipolaridade:

Tipo 1: é o transtorno de humor mais raro, se inicia mais precocemente, antes dos 20 anos. Pode ter poucos episódios de depressão, mas tem episódios de mania bem evidentes, que podem precisar de internação. Os episódios de mania podem ser psicóticos. É mais fácil de ser diagnosticado porque a fase maníaca é muito marcante. É uma doença crônica que apresenta episódios de depressão ao longo da vida, mas a pessoa fica intervalos longos de tempo sem doença.


Tipo 2: é o segundo transtorno de humor mais comum, só perde para a depressão clássica e se inicia numa faixa etária intermediária, entre os 20 e os 30 anos. O diagnóstico pode demorar 15 anos. Os episódios de ativação são leves (chamados de hipomania) e costumam ser tão sutis que se acredita que ela está acelerada porque houve uma melhora da depressão. Tem episódios recorrentes de depressão (mais de cinco episódios no ano).


Na fase eufórica aumenta a liberação de substâncias estimulantes, como dopamina e glutamato, que ativam o sistema nervoso, deixando todas as áreas cerebrais muito ligadas. Já na fase depressiva acontece o oposto – diminui a liberação de dopamina e glutamato, “desligando” o sistema nervoso.

O tratamento começa com um bom diagnóstico. E como tratar o transtorno bipolar? Os medicamentos usados são estabilizadores do humor, anticonvulsivantes e antipsicóticos.


Transtorno bipolar e depressão: as diferenças
A depressão clássica costuma aparecer de maneira lenta e em intervalos longos. É uma doença que tem cura. Já a depressão do transtorno bipolar, por oscilar com a mania ou hipomania, pode melhorar rápido, mas as crises depressivas acontecem em intervalos mais curtos e não tem cura.

De acordo com Daniel Barros, é comum as pessoas confundirem uma pessoa com depressão clássica como tendo transtorno bipolar só porque ela não fica desanimada todos os dias. Mesmo deprimida, ela pode se sentir melhor em alguns momentos. Entretanto, se ela tem depressão, será sempre abaixo do padrão. Isso não significa que ela seja bipolar, mas que o humor continua tendo alguma reação frente a estímulos positivos.

 

G1

Foto: Augusto Carlos/TV Globo