Mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo convivem com problemas de saúde mental. Isso é o que mostram dois novos relatórios divulgados nesta terça-feira (2) pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
De acordo com a organização, ansiedade e depressão são muito prevalentes em todos os países e afetam pessoas de todas as idades e faixas de renda – e poucas recebem o cuidado adequado.
"Estima-se que menos de uma em cada dez pessoas (9%) com depressão receba tratamento minimamente adequado em todo o mundo", alerta o relatório. Os documentos também alertam que esses problemas representam a segunda maior causa de incapacidade de longo prazo, contribuindo para a perda de anos de vida saudável.
Além do prejuízo para as famílias envolvidas, a entidade ainda destaca que os transtornos mentais elevam os custos de saúde e acarretam perdas econômicas significativas, em escala global.
"Transformar os serviços de saúde mental é um dos desafios de saúde pública mais urgentes", afirmou Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS.
nsiedade e depressão Um dos relatórios divulgados, o "World Mental Health Today", analisa de forma mais detalhada como a população mundial é impactada por problemas de saúde mental.
Os dados mostram que, em 2021, 14% da população – mais de um bilhão de pessoas – vivia com algum tipo de transtorno mental.
Entre os problemas, ansiedade e depressão surgiram como os mais prevalentes em todo o mundo, com 4,4% e 4%, respectivamente.
Também foi analisada a incidência das doenças por sexo. As mulheres são as mais afetadas, com 53,1% afirmando sofrer de algum problema de saúde mental. Entre os homens, a porcentagem fica em 46,9%.
Outro ponto destacado pelo documento é que boa parte das pessoas com transtornos mentais não recebe atendimento formal de saúde mental.
Consequências econômicas O material ainda mostra as consequências econômicas do aumento da incidência de problemas mentais entre a população mundial.
Isso porque, além dos custos com saúde, há a perda da produtividade e custos indiretos envolvidos nesses transtornos.
"As perdas anuais de produtividade global somente para esses dois transtornos [ansiedade e depressão] são estimadas em US$ 1 trilhão", destaca a OMS. Apesar desses custos, há uma preocupante estagnação nos investimentos em saúde mental, de acordo com o segundo relatório, o "Mental Health Atlas 2024".
O gasto médio dos governos com esse tema permanece em apenas 2% dos orçamentos totais de saúde, cenário que não muda desde 2017.
Além disso, as reformas e o desenvolvimento dos serviços para cuidado da saúde mental avançam lentamente. Menos de 10% dos países concluíram a transição para modelos de cuidado comunitário.
"Cada governo e cada líder têm a responsabilidade de agir com urgência e garantir que o cuidado em saúde mental seja tratado não como um privilégio, mas como um direito básico para todos", defende o diretor-geral da OMS. Necessidade de investimento Considerando os dados de ambos os relatórios, a OMS avalia que os países estão muito distantes das metas estabelecidas no Plano de Ação Integral em Saúde Mental da organização.
Para a instituição, são necessários esforços e investimentos urgentes para a melhoria do tratamento de questões de saúde mental em todo o mundo.
Nesse contexto, a OMS destaca que são fundamentais:
Financiamento equitativo dos serviços de saúde mental Reforma legal e de políticas para garantir os direitos humanos Investimento sustentado na força de trabalho em saúde mental Expansão do cuidado comunitário e centrado na pessoa.
G1
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