O câncer de unha, apesar de raro, manifesta-se de diversas formas e requer atenção para que o tratamento seja feito o mais rápido possível. Em estágio avançado, a doença pode resultar em amputação do dedo.
A médica dermatologista Tatiana Gabbi, assessora do Departamento de Cabelos e Unhas da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia), afirma que pessoas leigas podem confundir o câncer com uma micose, que é uma infecção causada por fungos.
"Tem muita gente que acredita que as únicas coisas que aparecem na unha são micose ou unha encravada. Na verdade, tem um monte de doença diferente. Um médico não vai fazer essa confusão. Às vezes, até faz, se não for uma pessoa especializada."
A dermatologista explica que são dois os tipos mais comuns de tumores malignos que afetam as unhas: o carcinoma espinocelular e o melanoma.
"O carcinoma é mais frequente que o melanoma. Ele acontece no leito da unha, aparece como uma ferida e não cicatriza. É comum ter descolamento da unha e por isso ser confundido com uma micose. Mas na micose, a unha fica mais grossa, no carcinoma, não."
Os melanomas se dividem em dois tipos, podem aparecer no leito da unha, ou seja, embaixo dela, ou na matriz, que é atrás da cutícula, onde ela cresce.
"O melanoma do leito é muito parecido com um carcinoma. Pode aparecer em qualquer faixa etária, mas é mais comum em adultos, principalmente depois dos 50 anos. O descolamento da unha também ocorre, mas existe sangramento", acrescenta a dermatologista.
O tipo que afeta diretamente a unha é o melanoma da matriz, onde ela nasce.
"Como a matriz tem células que produzem pigmentos, melanócitos, ele se prolifera, escurece a matriz e ela começa a produzir uma unha que é escura também. Então, você vê uma faixa escura na unha que vai se alargando com o passar do tempo", observa Tatiana.
"O melanoma tem vários tons, como marrom e castanho, e fica na unha mesmo. Se cortar, você vê que a unha é escura. Nem tudo que mancha a unha é melanoma, porque pode ter manchas", acrescenta.
A médica destaca que pode haver outras causas de pigmentação, como pintas, manchas raciais ou por trauma. A principal recomendação é que se procure um dermatologista após identificar alguma alteração na unha.
Será feita uma biópsia, que em nada afeta a estrutura da unha, e, em caso de tumor maligno, o médico vai decidir qual é a melhor forma de remover o câncer.
"Quando o câncer de unha é uma faixa escura na unha, é um tumor inicial. O mais avançado já destruiu toda a unha. Quando está discreto, é inicial, se consegue fazer um procedimento simples de remoção da unha. Ela não volta a nascer, mas tem mais de 90% de chance de cura."
Em casos mais extremos, pode ser necessário amputar o dedo. "É um tumor maligno que pode espalhar pelo corpo", ressalta a médica.
Tatiana Gabbi ressalta que o câncer de unha prevalece na população adulta, tendo maior incidência a partir dos 50 anos.
Outra recomendação da médica é que ao detectar uma anormalidade na unha não se faça qualquer tipo de intervenção como tentar arrancar ou procurar profissionais que não sejam médicos.
Ao contrário do que chegou a ser difundido na imprensa, a luz utilizada na aplicação de esmalte de gel não provoca câncer, segundo a dermatologista.
"A luz dessas câmaras é menos importante do que a luz do sol, por exemplo. A própria unha protege contra a radiação, que é baixa."
Tumor benigno, mas dolorido
Mais comum dos que os tipos malignos, tumor glômico é benigno, mas provoca dor intensa em quem tem.
"Nós temos uma estrutura na ponta dos dedos que contrai os vasos no frio para que a circulação seja priorizada na parte central do corpo. O tumor glômico é uma proliferação dessas estruturas, dói muito com frio, quando bate, quando mexe", afirma a médica.
Esse tipo de tumor, semelhante a um sagu, pode apresentar uma lesão azulada na unha ou uma faixa vermelha e requer remoção cirúrgica.
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Foto: Divulgação/Tatiana Gabbi