O Brasil comemora 50 anos do primeiro transplante de coração no dia 26 de maio – meio século de vidas salvas pela medicina e por doadores! Hoje, mais de 280 pessoas esperam um coração, segundo o Sistema Nacional de Transplantes.
O coração é o terceiro órgão mais transplantado no Brasil, perdendo para o rim e para o fígado, de acordo com a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos.
O coração é um órgão sensível e não é simples de ser transplantado, como explicou o cirurgião cardíaco Fábio Jatene, no Bem Estar desta terça-feira (22). Ele precisa ser retirado e implantado em até quatro horas e depende de uma morte específica do doador.
E quando transplantar? De acordo com o cardiologista Roberto Kalil, o transplante é necessário quando a falência do órgão é irreversível. Isso pode ocorrer por doença das coronárias, problemas na válvula ou problema do músculo.
Para receber o coração, a pessoa precisa estar inscrita em uma lista de espera monitorada pelo Sistema Nacional de Transplantes. O que determina a compatibilidade é o tipo sanguíneo, a dosagem de algumas substâncias colhidas no exame de sangue e características físicas.
Quem pode doar? Todos nós podemos ser doadores de órgãos. Pessoas menores de 21 anos precisam de autorização dos responsáveis. O mais importante é comunicar a família.
O transplante não é cura, é um tratamento que pode prolongar a vida com melhor qualidade. Depois do transplante, o paciente continuará tomando remédios e visitando o médico constantemente para acompanhamento.
Espera por um coração
Desde janeiro, o Bem Estar acompanha a história da Lorena, um bebê que veio para São Paulo em busca de tratamento. Com uma semana de vida, ela começou a mostrar um certo cansaço. Depois de alguns exames, veio o diagnóstico: ela nasceu com um problema grave no coração.
Lorena nasceu com uma doença rara, chamada miocardiopatia não compactada. Isso quer dizer que o músculo do coração não se desenvolveu. Isso traz cansaço e falta de ar.
Os remédios não fizeram efeito e a criança precisava de um transplante, mas não podia esperar muito. Foi então que a família mudou de Maceió para São Paulo. “Ela chegou no Instituto do Coração numa situação muito debilitada. No momento que ela internou, ela precisou ser entubada”, relata a médica supervisora da UTI cirúrgica do Incor/HC Filomena Dalas.
Depois de um mês de internação, Lorena teve quatro paradas cardíacas. “A espera por um coração é demorada. Não tem um tempo. Ele pode demorar semanas, meses, ainda mais nessa faixa etária”, explica a supervisora.
A primeira ajuda batia fora do peito – um coração artificial. Depois de cinco meses, a boa notícia: um coração compatível!
O Bem Estar acompanhou o transplante. Antes da cirurgia, os médicos precisam retirar os aparelhos que ajudaram a manter Lorena viva durante todo o tempo. Foram nove horas de cirurgia ao todo. Um mês depois, a primeira biopsia e nenhuma rejeição! Agora é continuar monitorando!
G1
Foto: Augusto Carlos/TV Globo