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Sem nenhuma companhia, no interior do flutuante, passo a meditar, olhando as  águas do Rio Parnaíba, nitidamente, a transitar. Observo, ao lado de uma mesa, uma linda mulher a pensar, sua face era tão bela que eu fiquei a imaginar e, ao mesmo tempo, despertou-me um sentimento de êxtase e admiração, através do sentido de um olhar que penetrou em meu coração. Sentimentos que, até então, meus olhos não haviam enxergado em nenhuma visão.

Eu vi a fisionomia de um semblante que tinha, dentro de si, um rosto calmo, assim como uma filósofa, um jeito de gênio singular, que sabia ponderar e amar. Na superfície do espelho de água, apareceu a imagem da imitação, com os olhos tão brilhantes e os lábios a palpitar, que olhavam para a água e voltavam a imaginar. Seus cabelos eram longos e fazia qualquer homem delirar.

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Ela tinha a mesma timidez que me faz recuar, não sei o desejo de nada nem mesmo o prazer de amar. Mas, diante daquele lindo olhar, minha alma sentiu o desejo de se apaixonar, mesmo sabendo que a ilusão poderia me contrariar.

Na profundidade das águas do Rio, teu corpo se tornou um desenho em minha mente. Uma sombra passou a descrever teu jeito de andar, olhava-te noite e dia, no entanto, não sabia que tua imagem era uma fantasia. 

Teu nome é quase indiferente. Somente a arte de ser poeta pode imitar uma mulher como você. Para pensar em ti, basta lembrar do amor, do teu corpo, do teu rosto e da tua boca. Eu só conheço o que vejo e, por essa razão, nesse abismo dos sonhos, amo tudo e me apaixono por teus desejos. 

Já me acostumei com a voz da solidão, seu sorriso é o melhor olhar. Os sentimentos me partiram em dois, um ser mortal e outro extremamente espiritual. Quando estou só, sinto falta de mim mesmo. Quando estou acompanhado,  sinto falta de um corpo junto ao meu. Mesmo assim, percebo que meu coração é tão tosco que ainda não sabe o caminho do amor.

A arte de amar é muito inconstante, a de ser poeta é mais angustiante, os sonhos se multiplicam em diversidades. Todo poeta ama a saudade, assim como a tristeza, o amor e a solidariedade. Portanto, parte de mim, aguarda as águas do Rio passarem, a outra identidade fica no flutuante admirando uma beleza natural e outra paranormal.

Da redação