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O encaixotamento dos equipamentos para o que seria a usina de leite do município de Floriano, ao Sul do Piauí, durante 15 anos, representa total ineficiência, omissão, descompromisso administrativo dos agentes políticos, prefeitos e vereadores, em exercício no período de 2007 a 2022. Permitir ou não evitar que os recursos públicos fossem desperdiçados, no contexto da população florianense que tem altas taxas de desemprego, configura uma crueldade social absurda.
Desde dezembro de 2006, a Prefeitura conseguiu aprovar na Câmara Municipal de Vereadores a permissão de abertura de crédito para usar no projeto da usina de leite. Imediatamente, no ano seguinte, em 2007, o Ministério da Integração Regional liberou recursos na ordem de R$ 975 mil para a compra das máquinas da idealizada usina e um caminhão.
O total do investimento deveria receber uma contrapartida da Prefeitura de aproximadamente R$ 50 mil. No mesmo ano, as máquinas da usina e o caminhão foram adquiridos e desembarcaram em Floriano. Este evento mobilizou grande parte das autoridades municipais, que aclamaram a usina como parte da redenção da situação de pobreza de grandiosa parte da população local.
As entidades ligada ao setor de produção bovina, na época, declaram que o município possuía uma bacia leiteira de aproximadamente 3 mil litros diários de leite. Então, o contexto local apresentava viabilidade para o fomento deste setor produtivo e instalação da usina de leite. O projeto deste empreendimento foi articulado pela Prefeitura, em parceria com a Associação de Criadores e assessoria do SEBRAE. Mas, porque não foi instala para cumprir a sua efetiva função neste intervalo tão longo de tempo?
Pelo empenho e origem dos valores financeiros envolvidos acho que cabe uma investigação pelos órgãos fiscalizadores dos recursos públicos. Os equipamentos, hoje colocados à venda pela Prefeitura, quando desembarcaram em Floriano traziam esperança para mais de 40 produtores de leite e derivados, pois representava a possibilidade real de pasteurização de leite, produção de iogurtes, queijos e manteiga. Enquanto a usina ficou encaixotada, muitos produtores reduziram a sua produção, pela falta desse incentivo.
A nova usina, se instalada, teria a capacidade inicial de beneficiar 12 mil litros de leite por dia, com perspectiva de ampliar sua atividade, em um ano, para 25 mil litros/dia. Importante ressaltar que a Usina de Leite começou encaixotada na primeira gestão do prefeito Joel Rodrigues, passou pela gestão do ex-prefeito, Gilberto Júnior, e segue na mesma caótica inercia.
Segundo declarou o secretário de Desenvolvimento, a venda da usina é um dos objetivos da gestão, nesse setor, e que os equipamentos encaixotados geravam custos de aluguel, já perdurando por 15 anos a sangria de recursos públicos. O município de Floriano não merece isso: vender como sucata as suas conquistas.
Jalinson Rodrigues – jornalista.