- NÃO PODE SER ENCARADO COMO UMA FATALIDADE: Vereador defende uma investigação séria do Ministério Público para determinar o que ocorreu e punir responsáveis. “Como é que se manda um filho para a escola pública e ele volta sem perna?”, indaga vereador
- “TRAGÉDIA ANUNCIADA, ESPERADA”
E PODE VIR MAIS, SE NADA FOR FEITO
Na última quinta-feira, 23, uma criança de apenas 9 anos de idade, R. O. S., teve a perna amputada após cair de um ônibus escolar em movimento que estaria em péssimas condições de segurança e integrava a frota que presta serviços de transporte escolar para o município de Dirceu Arcoverde. A informação foi repassada pelo vereador Rodolfo França, o Rodolfinho, nesta segunda-feira, 27), confirmada pela mãe da criança e pela prefeitura.
Segundo o vereador, uma das janelas do ônibus estava sem vidro, contendo apenas papelão. Em meio a uma curva ao menos duas crianças foram projetadas para o lado de fora do ônibus. Uma foi atropelada pelo próprio veículo e perdeu a perna. “Os meninos vinham no ônibus e o motorista foi fazer uma curva e os meninos caíram. Quando foram se escorar na janela, a janela estava só o papelão. E eles saíram do ônibus. E um dos meninos caiu debaixo do pneu. Um dos pneus passou por cima da perna e ela acabou sendo amputada”, contou o vereador, que diz ter ouvido pessoas na região.
“Não tinha janela. Um ônibus que carrega crianças de 4 a 9 anos. Era um acidente previsto”, denunciou a mãe da criança, a dona de casa Roneide Oliveira Sousa, que está abalada com a situação.
Segundo ela, os pais de alunos cobravam da prefeitura não só ônibus de qualidade, mas também um responsável nos veículos para cuidar das crianças e ajudar a impedir esse tipo de “tragédia”. “Já tinha tido muitas reuniões lá, a gente já tinha pedido para trocar esses ônibus”, acresceu.
Roneide Oliveira Sousa contou que seu filho foi atendido em São Raimundo Nonato após ser socorrido pelo SAMU e levado para o município vizinho. Disse que não acionou o Ministério Público nem constituiu advogado ainda. E que tem uma lista de remédios que seu filho tem que tomar. “As medicações tudo eram por conta de lá [do hospital em São Raimundo Nonato]. Mas o médico passou receitas, precisa tomar esses remédios no horário certo.
A dona de casa Roneide Sousa possui outros dois filhos, um de 4 anos e outro de 1 ano de idade. Contou que não possui companheiro no momento e demonstrou que não sabe muito bem a quem recorrer a princípio para tentar buscar seus direitos.
Ele relatou ainda que já encontrou seu filho em São Raimundo Nonato, que não teve o auxílio da prefeitura para levá-la até o município onde a criança estava hospitalizada.
A mãe de família tem consciência, no entanto, de que seu filho estava sob a guarda do município.
O QUE DIZ A PREFEITURA
A secretária de Educação do município Luciana Barbosa, vereadora licenciada do PP, contou uma outra versão. Segundo essa versão oficial, “um coleguinha que derrubou ele [a outra criança] pela janela”.
“A própria criança relatou que pegou na perninha dele e empurrou”, declarou.
Disse que está “prestando todo o auxílio, todos os cuidados necessários”, que segundo ela é o mais importante. E que a criança já recebeu alta.
Confessou, porém, que nesse dia só tinha o motorista e não havia uma segunda pessoa no ônibus para cuidar do grupo, composto por crianças que variam de 4 anos a mais de 9, incluindo um maior de idade.
Sobre as reivindicações para que existissem ônibus melhores argumentou que “elas foram feitas”, no caso, atendidas.
Sobre a ausência de monitores, garantiu que a partir de agora “todos os ônibus vão ter monitor”.
Falou que não sabe bem quantos ônibus existem no município, “porque tem os ônibus e vans, mas são aproximadamente uns sete”, e esses sete terão monitores a partir de então.
O vereador Rodolfinho sustentou que a versão é fantasiosa, que a janela era coberta por papelão e defende uma ampla investigação. "Eu conversei com várias pessoas", disse. "O povo lá está revoltado, lá", pontuou.
180 graus
Foto: divulgação familiar