A Delegacia da Mulher, no Centro de Teresina (PI), está investigando uma denúncia de que um agente da Polícia Federal estaria obrigando sua mulher a pagar multas dentro de casa como forma de punição.
De acordo com relato da vítima, as multas variavam de R$ 20 a R$ 50. Na lista de proibições impostas pelo marido estavam a de não deixar roupa suja fora do cesto, de não estragar saladas, por mau uso do banheiro e até por comidas queimadas.
Há uma relação de multas apresentada pela vítima e consta uma cobrança de R$ 20,00 por ela ter dado banho no filho e molhado o móvel do banheiro. Na tabela, havia uma cobrança de R$ 60,00 por reincidências nas "infrações". Ela relatou que mês passado teve que desembolsar cerca de R$ 2 mil de multas fixadas pelo marido.
A vítima de iniciais I.C.G.M.M, 35 anos é professora e por dois anos está casada com o agente da PF, José Henrique Alves Moita. Eles moram na mesma residência, no bairro Horto Florestal, na zona Leste de Teresina.
Delegada: "é um quadro inesperado, assustador"
A delegada Vilma Alves, titular da delegacia da Mulher Centro, afirmou que o agente da PF será enquadrado na Lei Maria da Penha e irá responder por violência física, psicológica e patrimonial. Em mais de 40 anos de polícia, a delegada disse que era a primeira vez que se deparava como esse tipo de denúncia.
"É um quadro inesperado, assustador. Trata-se de uma jovem, professora, escritora, sofrendo violências estúpidas com regras domésticas estabelecidas pelo marido com multas dentro do próprio lar".
Na delegacia, a vítima denunciou que era proibida até de assistir televisão. Ela disse que chegou a ser proibida de ver o filho e sofria agressões físicas e violência psicológica.
"Desde o início do casamento o autor informou que qualquer tipo de comportamento que ele considerasse errado, ela seria multada. Se ela chegasse com o bebê em horário não estabelecido por ele pagava multa, tudo era multa. Ela está amedrontada", disse a delegada.
Após a audiência, ainda na delegacia, a reportagem procurou o agente e ele disse que não iria falar sobre o caso. A delegada informou que na audiência, o agente admitiu que cobrava multas como forma de disciplina. "Ele disse que era uma forma de corrigi-la, disciplina-la, educá-la. Ele admite que colocou as regras para ela se consertar", disse a delegada. Vilma Alves disse ainda que irá pedir também medida protetiva para evitar novos abusos.
cv