O governo federal não vai forçar os empresários a baixarem o preço dos produtos da cesta básica nas prateleiras que, há uma semana, estão livres de tributos federais.

 

Mas, nesta sexta-feira, 15, a presidente Dilma Rousseff cobrou que o setor de varejo honre a promessa de reduzir os preços.

 

"Aquela ação do prende e arrebenta acabou. O governo não faz isso, o governo dialoga, o governo persuade, e é uma questão que beneficia o empresário. Se ele tiver desoneração, ele vai ter mais renda. É muito mais pelo lado da persuasão e não da ameaça ou da coação", afirmou Dilma a jornalistas numa breve entrevista após lançamento de pacote de medidas em defesa do consumidor.

 

A desoneração integral da cesta básica foi anunciada pelo governo para tentar conter a inflação. No entanto, empresários do setor de varejo ainda não honraram a promessa de reduzir os preços.

 

Para Dilma, a relação entre governo e sociedade deve ser de respeito. "O governo acha que é fundamental reduzir o tributo. Agora nos precisamos que essa consciência seja também dos empresários, dos senhores donos dos supermercados, dos produtores, para que, de fato, a desoneração seja algo em que todo mundo ganhe", disse Dilma.

 

Reportagem da Folha publicada hoje mostrou que a medida criou um conflito entre varejo e indústria. Enquanto os supermercados pressionam fornecedores para reduzir os preços na mesma proporção anunciada pela presidente, fabricantes de diversos itens --como café, açúcar e margarina-- já comunicaram ao Ministério da Fazenda que, pelas regras atuais, não têm como cortar 9,25% devido à complexidade tributária do sistema.

 

A venda de soja e embalagem para a produção de margarina, por exemplo, paga PIS e Cofins, o que gera um crédito tributário para a indústria.

 

Mas, com a alíquota zero na venda ao varejo, o fabricante, que antes abatia esses créditos do pagamento, não terá mais como aproveitá-los.

 

PREÇOS

 

A medida anunciada pela presidente Dilma que cortou tributos na cesta básica inclui carnes bovina, suína, de frango e peixes, além de manteiga, café, açúcar e itens de higiene pessoal, como sabonete e creme dental.

 

Porém, novo levantamento realizado ontem pela Folha em cinco supermercados diferentes da capital mostra que, de 125 preços de produtos da cesta básica, só 12 foram reduzidos desde segunda-feira, quando empresários se comprometeram a baratear os produtos. Outros 9 tiveram seu valor aumentado.

 

Foram consultados 25 produtos em cada uma das lojas.

 

Dos preços que fazem parte da desoneração, só 4 chegaram a baratear: de papel higiênico, óleo de soja, pasta de dente e carne bovina. Três preços desonerados ficaram mais caros: de carne bovina, açúcar e sabonete.

 

Levantamento do Procon-SP em parceria com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) feito entre os dias 8 e 14 de março também mostrou alta de preços. O valor da cesta básica pesquisada pelas entidades subiu 0,55% no período. O preço médio subiu de R$ 384,58 em 7 de março, para R$ 386,71 no dia 14. Dos 31 produtos pesquisados, 14 tiveram alta.

 

Segundo a Abras (Associação Brasileira de Supermercados), o repasse da desoneração da cesta básica ocorrerá gradualmente.

 

 

UOL