O ex-jogador de futebol Edilson Rodrigues dos Santos foi condenado nessa sexta-feira, 30, a 19 anos e seis meses de prisão em regime fechado, por ter matado a esposa Leoneide Ferreira com 20 facadas. O crime ocorreu há três anos. A família saiu insatisfeita com o resultado, pois esperava a pena máxima - 30 anos. A defesa também pretende recorrer da decisão em favor do acusado.
O julgamento no Tribunal Popular do Júri, em Teresina (PI), começou pela manhã e terminou por volta de 20:40h, após mais de 50 minutos de deliberações. A maioria do júri, composto de seis homens e uma mulher, entendeu que o crime foi cometido por motivo torpe, que impossibilitou a defesa da vítima, e consideraram agravante a violência contra a mulher.
Os jurados entenderam ainda que houve acentuado grau de perversidade e "intensa vontade de matar", segundo texto da dosimetria da pena, lido pelo juiz Antonio Noleto. A pena foi estipulada em 15 anos pelo homicídio, dois anos e meio pelo motivo torpe, mais dois anos e meio pela violência contra a mulher, e menos seis meses por Edilson ser réu primário. Além disso, o acusado terá de pagar um salário mínimo por eventuais danos ao tribunal.
O advogado de defesa Dimas Batista afirmou que os jurados julgaram contrário as provas dos autos. Ele também questiona a dosimetria da pena. Durante o julgamento, Edilson chegou a culpar o Hospital de Urgência de Teresina - HUT -, onde Leoneide ficou três meses internada por conta das facadas e teria morrido em função de uma infecção hospitalar. Isso faria a condenação ser alterada de homicídio para lesão corporal seguida de morte. Tal tese foi desqualificada pelo júri.
Ao sair do julgamento, Edilson se voltou para os filhos e afirmou que a decisão era uma injustiça. "Eu não quis matar a mãe de vocês", declarou.
O filho do casal, Lothar Matthäus, lamenta o fato do pai não pegar a pena máxima. "Com certeza, ele vai cumprir um pouco mais de seis anos, porque aqui fora ele era cruel, mas lá dentro ele vai se comportar para sair logo. Então, só vai cumprir um terço da pena".
Referência ao "palhaço"
O promotor de acusação João Malato lembrou o caso do palhaço Washington Barros Silva, acusado de matar a esposa com um tiro que o júri considerou acidental. "Que este não seja um segundo palhaço", disse ao pedir a condenação de Edilson, sendo repreendido pelo juiz Antonio Noleto, que achou o termo pejorativo. "O outro réu era palhaço por profissão".
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