Piauiense de Teresina, Francisco Antonio Cesário da Silva, conhecido como "Piauí", acusado de ser líder do PCC (Primeiro Comando da Capital) e de ser um dos responsáveis pela onda de morte de policiais em São Paulo, foi transferido na tarde de quinta-feira para a Penitenciária Federal de Porto Velho, em Rondônia. O traficante, que cumpria pena na penitenciária de Avaré, em São Paulo, está na lista de presos de alta periculosidade que serão levados para prisões de segurança máxima.
A medida é parte das ações, definidas em conjunto pelos governos paulista e federal, para tentar desarticular uma organização criminosa apontada como a responsável pela onda de ataques contra policiais em São Paulo. Desde janeiro de 2012, 90 já foram assassinados.
O comboio com o preso saiu do presídio de Avaré com destino ao aeroporto de Arandu (SP) por volta das 14:00h. Com forte esquema de segurança, o condenado embarcou em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) rumo ao Norte do país, de acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo. O presidiário ficou encapuzado até o momento de entrar na aeronave. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, "Piauí" ainda é apontado como autor de uma lista com 42 nomes de policiais militares e civis "marcados para morrer". A lista foi descoberta em operação na favela Paraisópolis, na capital paulista, iniciada em 29 de outubro.
Com o agravamento da onda de violência que aflige a Grande São Paulo, o governo paulista e o Ministério da Justiça chegaram ao consenso de que uma das medidas necessárias para atenuar o problema é realizar a imediata transferência de Francisco Antônio Cesário da Silva, o "Piauí", para um presídio federal. Natural de Teresina, Antônio Cesário é apontado pela polícia como um dos principais chefes do Primeiro Comando da Capital, a temida organização criminosa cujos integrantes são acusados de promover o terror na maior cidade do País durante as últimas semanas. Mesmo preso, "Piauí" teria ordenado o assassinato de policiais em São Paulo.
Na terça-feira, o governador Geraldo Alckmin e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, reuniram-se para traçar a estratégia conjunta entre os governos estadual e federal destinada a enfrentar o crime organizado. Na ocasião, eles decidiram que todos os presidiários suspeitos de envolvimento com a morte de policiais serão transferidos para penitenciárias federais. Trata-se de uma medida exasperada para tentar interromper o crescente derramamento de sangue em São Paulo.
Na noite desta terça-feira mais cinco homicídios foram registrados na cidade. Em apenas um mês o número de assassinatos chega a quase 200. O encontro entre Alckmin e Cardozo ocorreu dias após o ministro envolver-se numa polêmica com o Secretário de Segurança de São Paulo, Antônio Ferreira Pinto. Os dois trocaram farpas ao comentarem a necessidade de envio de forças federais para auxiliar o governo paulista no combate aos criminosos. Por conta dessa divergência entre o Palácio do Planalto e o Palácio dos Bandeirantes, a ação conjunta só foi anunciada meses após o início da onda de violência, que, a esta altura, pode ser considerada um tsunami.
De acordo com o governo paulista, o piauiense Antônio Cesário é um dos principais responsáveis pelo acirramento dos confrontos entre a polícia e o PCC, o que levou ao desencadeamento da sequência de assassinatos em todas as regiões da cidade. Condenado por roubo, sequestro, receptação, falsidade ideológica e homicídio, Francisco Antônio Cesário está preso em Avaré, a 272 km da capital paulista. Atualmente com 35 anos, "Piauí" comandou o tráfico no Jardim Macedônia e em Capão Redondo, na década de 90. Naquela época ele se destacou no PCC por ter conseguido acumular um dos maiores lucros com o tráfico de drogas.
A partir de 2003, Antônio Cesário assumiu um dos postos mais altos na hierarquia da organização criminosa, passando a controlar parte da zona sul, principalmente a favela Paraisópolis, uma das maiores da cidade. Fundado há quase 20 anos, o PCC se notabilizou como uma organização violenta e impiedosa, principalmente, pela forma como extermina seus desafetos, queimando-os vivos em porta malas de veículos ou presos a pneus.
Muitos dos seus líderes estão presos e comandam a organização de dentro da cadeia.
Além da transferência de "Piauí" para o presídio federal de Porto Velho, na reunião entre Alckmin e Cardozo também ficou acertada a criação de uma agência específica destinada a combater o crime organizado no Estado. O novo órgão será integrado por setores de inteligência da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Secretaria Nacional de Segurança Pública, Polícia Militar e Polícia Civil.
A Receita Federal, Secretaria de Fazenda de São Paulo e o Ministério Público do Estado também integrarão a agência.
Outras medidas anunciadas pelos governos paulista e federal são a implantação do programa de enfrentamento ao crack, intensificação de blitz em pontos críticos de acesso à metrópole, ampliação e aperfeiçoamento dos trabalhos da Polícia Científica e a criação de um espaço físico que servirá como base para a agência integrada.
Meio norte