Trabalhadores dos Correios de todo o Brasil, organizados em torno dos 35 sindicatos da categoria espalhados pelo país, rejeitaram a proposta do governo, de apenas 3% de aumento salarial. A proposta anda muito longe do reajuste de 43,7% que os trabalhadores exigem.
Pelos cálculos do Dieese, para atender às necessidades básicas de uma família, o salário mínimo em julho deveria ser R$ 2.519,97, quantia 4,05 vezes maior do que o mínimo em vigor (R$ 622). Atualmente os funcionários da estatal recebem menos de dois salários mínimos. “Com um piso de apenas R$ 942,75, e uma jornada de 8 horas de trabalho, para os trabalhadores dos Correios fica difícil sobreviver”, afirma Antônio Duarte, carteiro, representante dos trabalhadores dos Correios do Piauí no Comando Nacional de Negociação com o governo e a direção da empresa.
A categoria reclama que com o avanço do projeto de privatização da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos), na medida que o lucro da empresa cresce, o salário do trabalhador é rebaixado, a sobrecarga de trabalho aumenta e a qualidade do serviço piora. Assim como os trabalhadores da empresa, a população usuária dos Correios também reclama devido ao constante atraso ou perda de correspondências.
Descaso com a negociação
O que os trabalhadores querem é resolver essa situação da forma mais tranqüila possível. Porém, o Governo Federal e a direção da ECT demonstram indisposição para negociar. Em reunião com representantes da empresa no dia 20, o ministro das Comunicações, João Oreste Dalazen, apresentou um documento de análise da pauta de reivindicação da FENTECT (Federação Nacional dos Trabalhadores do Coreeios). Pela sua análise, fica clara a intenção de reeditar o Acórdão 2011 do TST (Tribunal Superior do Trabalhos), ao invés de discutir a pauta de reivindicação com os trabalhadores.
Duarte relata que após apresentar esse documento, os representantes da ECT se recusaram a dar continuidade as discussões da pauta. “Só depois muita insistência do Comando de Negociação é que a empresa concordou com uma próxima reunião para o dia 28 de agosto”.
Ele denuncia que esse descaso da empresa para negociar e buscar uma solução para os problemas que a categoria enfrenta, isso o trabalhador dos Correios já presencia no dia-a-dia. “A direção da ECT demonstra indisposição para resolver as questões mais simples, como a falta de água nos setores, as bicicletas sem manutenção, o ar-condicionado que não funciona, as lâmpadas queimadas, desde as mais graves, como a falta de segurança nas agências, a sobrecarga de trabalho e o déficit de funcionários”.
A possibilidade da greve
Caso o governo e a direção da ECT continuem com essa postura, Duarte afirma que a categoria só tem uma saída para conseguir avançar nas negociações, a greve. “Estamos convocando todos os trabalhadores dos Correios do Piauí para participar da assembleia geral no dia 30 e deliberar sobre o indicativo de greve. Se até o dia 10 o governo não apresentar uma proposta descente para a categoria, não temos outra escolha se não deflagrar uma grande greve em todo o país e arrancar na luta as melhorias que tanto precisamos e merecemos”.
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