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marchacontracorrupcao2672012Depois de 13 dias e mais de 100 km percorridos, a 11ª edição da "Marcha Contra a Corrupção e pela Vida" retornou a Teresina esta semana com um triste diagnóstico sobre a situação a que os moradores da região semiárida piauiense estão submetidos. Do dia 11 a 23 de julho, os participantes do movimento Força Tarefa Popular percorreram seis municípios do Piauí atingidos pela estiagem, que já é considerada uma das mais severas desde a década de 1970.

 

De acordo com o advogado Arimatéia Dantas, coordenador do movimento FTP, a XI Marcha constatou que o poder público age com morosidade na execução de obras destinadas a amenizar os efeitos provocados pela seca, e o pior, acrescenta Arimatéia, é que as poucas obras concluídas permanecem subutilizadas. "O que mais nos chocou nesta marcha foi a situação de calamidade pública em que se encontra a região pela falta de água nas comunidades, enquanto barragens que custaram dezenas de milhões de reais aos cofres públicos estão com grande quantidade de água, que não chega até as residências", denuncia o coordenador.

 

Os autodenominados "boinas amarelas" chamam a atenção para o excessivo atraso na conclusão da barragem de Estreito, da adutora do Sudeste, da barragem e adutora de Piaus.

 

Eles denunciam também que a barragem Poço do Marruá, inaugurada desde 2010, não está atendendo os moradores da região.

 

Esta semana o Ministério Público Federal, por meio do procurador da República Kelston Pinheiro Lages, ajuizou uma ação civil pública de obrigação de fazer, com pedido de antecipação de tutela, pedindo que a Justiça obrigue o Departamento Nacional de Obras contra as Secas (DNOCS) a garantir os recursos para a construção do Sistema Adutor do Sudeste Piauiense, popularmente conhecida como adutora Sudeste. O movimento Força Tarefa Popular, por seu turno, encaminhou um ofício ao DNOCS solicitando explicações para a demora na conclusão das obras.

 

Arimatéia Dantas opina que o descaso dos gestores públicos com a estiagem tem uma motivação eleitoral, havendo o interesse de alguns políticos em utilizar carros pipa como barganha para conquistar a gratidão e, consequentemente, os votos dos moradores flagelados.

 

De fato, em períodos de seca duradoura que coincidem com anos eleitorais, é comum a Justiça receber inúmeras denúncias de casos de políticos que apelam para a abominável prática de oferecer água aos moradores do semiárido em troca de votos. "Centenas de caminhões pipa transportam água para vender. Quem lucra com a seca? Num momento eleitoral, como este, água não é só vida, é dependência, é desespero. E esta realidade ajuda a manter no poder aqueles que vivem omissos quando o assunto é levar água para as casas pelas adutoras e acabar com os carros pipas", critica o coordenador do movimento.

 

Durante a marcha, os integrantes da Força Tarefa Popular visitaram as cidades de Marcolândia, Francisco Macêdo, Alegrete, Vila Nova do Piauí, Campo Grande do Piauí e Picos. No trajeto, eles fiscalizaram a execução de convênios do governo federal e estadual, visitaram Câmaras de Vereadores para analisar balancetes e prestações de contas e ainda realizaram palestras e cursos de controle social para os moradores do sertão piauiense.

 

Em alguns trechos do percurso os moradores visitados acompanhavam os boinas amarelas, como demonstração de apoio à iniciativa.

 

Os integrantes da Força Tarefa Popular salientam que o esclarecimento da população é o caminho mais eficaz para aumentar a fiscalização sobre o uso dos recursos públicos.


Portal O dia