• roma.png
  • vamol.jpg

pfprendequadrilA Polícia Federal prendeu 15 pessoas, integrantes de uma quadrilha apontada na fraude de vestibulares de medicina em seis estados do País. De acordo com a PF, candidatos pagavam R$ 60 mil aos membros do grupo e eram treinados para usar um ponto eletrônico para receber as respostas durante as provas. A PF ainda investiga o valor arrecadado pelo grupo que agia há mais de dez anos e era liderado por um médico.

 

A Operação Arcano, deflagrada nessa terça-feira, 13, cumpriu 15 mandados de prisão e 16 mandados de busca e apreensão. A PF detectou a ação do grupo em 13 vestibulares promovidos por instituições privadas de ensino em São Paulo, Rio de Janeiro, Piauí, Maranhão, Goiás e Mato Grosso.

 

Segundo o delegado Nelson Edilberto Cerqueira, a denúncia sobre a quadrilha partiu de uma instituição de ensino da região de Araraquara, no interior de São Paulo. O nome da universidade não foi revelado, assim como os nomes das instituições que tiveram os exames fraudados. A cada vestibular, entre 15 e 20 estudantes pagavam para serem aprovados, de acordo com Cerqueira.

 

O delegado afirmou que não há funcionários das instituições envolvidos no esquema, cuja investigação começou há quatro meses e meio. Uma pessoa foi presa na região de Jaú e outra em Ituverava, cidades no interior de São Paulo. A PF também deteve uma pessoa no Rio Grande do Sul, uma na Bahia, uma no Pará, três no Piauí, duas em Goiás e uma no Tocantins. Ainda durante a operação, foram apreendidas duas armas de fogo.

 

Ação da quadrilha

A organização da quadrilha, especializada em vestibulares de medicina, era dividida em quatro grupos e já atuava há pelo menos dez anos. Um deles era o corretor, que se infiltrava nos cursos preparatórios em busca de candidatos.

 

Na segunda etapa, dias antes do vestibular, os alunos eram preparados por outros membros do grupo conhecidos como treinadores. Eles eram os responsáveis pelos aparelhos utilizados pelos candidatos. "Mostram como funciona, testam a aparelhagem e formas de a pessoa entrar e fazer a prova sem ser identificada. Quando terminam o serviço, eles ficam na cidade para dar auxílio técnico", explica o delegado.

 

Em seguida, era a vez dos 'pilotos' entrarem em cena - os integrantes da quadrilha, cuja função era responder as questões de determinada disciplina, já que eram especialistas no assunto. Geralmente eles se inscreviam no vestibular e faziam a prova. Quando saíam da sala, comunicavam as respostas ao comando central da organização, que ficava em Goiânia. Por meio de um ponto eletrônico, o comando fazia contato com o aluno e passava o gabarito.

 

"Algumas vezes o esquema não deu certo e as provas foram frustradas porque os pilotos não foram tão bem no exame. Além disso, às vezes os aparelhos também apresentavam algum defeito", contou o delegado.

 

Crime

Os suspeitos presos esta manhã foram ouvidos e liberados. Todos deverão responder pelos crimes de formação de quadrilha e estelionato, cujas as penas somadas podem chegar até oito anos de prisão.

 

A PF vai iniciar a segunda parte da investigação para levantar quantos alunos participaram do esquema. Tanto eles quanto os pais, que pagaram pela fraude, poderão responder por crime de estelionato.

 

"A quantidade de pessoas que vamos ouvir ainda é muito grande. Vamos identificar quem são essas pessoas e, dependendo da documentação que a gente apreender, pode ser que consigamos dados de vestibulares anteriores. Com isso, vamos também comunicar as instituições sobre os alunos que cometeram a fraude", afirmou o delegado.


G1