A forte segurança na entrada do Centro Nacional de Cultura da Justiça (Cenajus) indicava que já havia chegado ao prédio a mulher que é a responsável pelas investigações de irregularidades cometidas pelos magistrados brasileiros. A corregedora nacional de Justiça ministra Eliana Calmon, era o centro das atenções durante a solenidade que reuniu as maiores autoridades judiciais do Estado, ocorrida na manhã de ontem durante a instalação do primeiro Centro de Pacificação Social do Piauí, que integrará o Tribunal de Justiça do Piauí, Tribunal Regional Eleitoral, Tribunal Regional do Trabalho da 22ª Região e a Justiça Federal no Piauí na gestão de conflitos sociais.
A ministra admitiu que existem casos “graves e gravíssimos” envolvendo juízes do Piauí. “Existem algumas situações muito graves, gravíssimas no Piauí, que já levaram à aposentadoria diversos magistrados, e à exoneração de outros. Existem, inclusive, sentenças judiciais de exoneração e estamos caminhando nesse sentido”, pontuou.
Ela adiantou em entrevista a um jornal, que uma das maiores preocupações do Conselho Nacional de Justiça em relação ao Piauí são os cartórios extrajudiciais localizados no Sul do Estado. “As terras do Sul do Piauí se tornaram bastante ambicionadas por conta da expansão da plantação dos grãos. E terras que eram consideradas improdutivas, que nada valiam, começam então a ter grande valia. Estamos preocupados com os registros dessas terras, porque os cartórios extrajudiciais do Sul do Piauí estão em situação de muita desordem”, explicou.
De implementar um projeto para resolver a questão, diante das dificuldades econômicas do Tribunal de Justiça do Piauí. “Nós empreendemos uma campanha de ‘adote’ um cartório. Cada cartório do Estado de São Paulo, que é um Estado rico, que tem cartórios fabulosos, que arrecadam milhões por mês, cada um desses cartórios milionários de São Paulo, adotará um cartório do Piauí.
Desta forma conduzirá a informatização e recuperação dos livros de registro”. Para a ministra, essa é uma medida paliativa diante da gravidade do problemas. “É como se fosse um analgésico para melhorar a situação que nos encontramos. Para mim a gestão é mais importante que a parte disciplinar”, frisou.
Sávia Barreto