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Nesta sexta-feira, 29, o Fórum Cívil e Criminal Desembargador Joaquim de Sousa Neto, em Teresina, familiares, amigos e membros de movimentos feministas se reúnem para aguardar o resultado do julgamento de Thiago Mayson da Silva. Ele é acusado de estuprar e matar a estudante de jornalismo Janaína Bezerra em uma sala de mestrado em Matemática da Universidade Federal do Piauí, campus Petrônio Portela, no dia 28 de janeiro deste ano.

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O júri ocorre na 1ª Vara do Tribunal Popular após dois adiamentos. Thiago Mayson, que está preso preventivamente, é acusado por cometer homicídio duplamente qualificado, estupro, vilipêndio de cadáver e fraude processual. Maria do Socorro Nunes, mãe de Janaína, pediu por Justiça e afirmou que revive todos os dias o momento em que recebeu a notícia da morte da filha. "Ele destruiu nossa família, acabou com o que a gente tinha. Estou aqui pedindo justiça. Estamos aguardando, não nos deixaram entrar, mas não vou sair daqui. Estou sentindo tudo de novo, o que eu senti quando vi minha filha sem vida."

Maria do Socorro também expressou sua revolta por não poder comparecer à sessão. "A gente queria assistir também, mas como não pode, só quero que tudo dê certo, que acabem logo com isso. Eu não sei mais o que dizer sofre esses adiamentos", contou. Madalena Nunes, da Frente Popular de Mulheres, questionou o motivo da família não receber autorização para assistir o julgamento, considerando um absurdo. “Era para todo mundo estar lá, pra gente observar o que está sendo dito e feito” relatou. A professora de Ciências Sociais da UFPI, Rosana Albuquerque, se juntou aos estudantes e familiares de Janaína no ato de protesto em frente ao Fórum Cível e Criminal. Ela é pesquisadora de feminicídio, feminista e participa de movimentos relacionados à violência de gênero nas universidades.

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"O caso de Janaína expôs a situação de violência que enfrentamos. Mulheres que vivem em condições de violência estão sujeitas a essa realidade", afirmou a professora. Ela também afirmou que o caso da estudante de jornalismo reflete uma cultura machista persistente, onde mulheres são culpadas por suas mortes e homens muitas vezes são protegidos.

"Ela [Janaína] foi morta dentro de uma universidade que historicamente nunca fez nada para inibir a violência de gênero, mas poderia ser em qualquer lugar, em uma casa ou via pública. A UFPI não tem um instrumento para combater violência de gênero, homofobia, transfobia, não tem nada. Quem denuncia, geralmente é constrangido, porque você está denunciando. Há muito mais rede de proteção para quem violenta do que para a mulher que denuncia”, disse.

Rosimere Farias, que acompanha a família, expressou a esperança de que o julgamento ocorra de forma rápida e que Thiago Mayson responda pelos quatro crimes pelos quais foi denunciado pelo Ministério Público. “Nós acompanhamos esse caso desde o dia em que Janaína foi morta. Estivemos lá na despedida de corpo presente de Janaína, e até agora, a Frente Popular de Mulheres está acompanhando o caso e dando assistência à família”, contou.

Dois adiamentos

O primeiro julgamento estava marcado para 17 de agosto deste ano, mas foi adiado devido à falta de quórum, causada pela ausência de 12 testemunhas da UFPI. A instituição admitiu uma falha interna na entrega das convocações aos funcionários. Depois, a data de 1º de setembro foi marcada, mas novamente adiada porque o advogado Ércio Quaresma, novo representante do réu, não compareceu à sessão. Ércio Quaresma já é conhecido por advogar em casos emblemáticos, como o da defesa do ex-goleiro Bruno, envolvido no assassinato de Elisa Samúdio em 2010.

MN

Foto: Ravena Lages