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O coordenador nacional do Enani, Gilberto Kac, do Instituto de Nutrição José de Castro da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), disse que o estudo tem três metas. A primeira é mapear deficiências de micronutrientes (vitaminas e minerais) entre as crianças com menos de cinco anos, em termos de alimentação e nutrição.

“Esse é o primeiro aspecto inédito do estudo. A gente vai medir sangue de crianças entre seis e 59 meses e vamos dosar uma série de marcadores que jamais foram estudados no Brasil com essa magnitude”, disse.

Alimentação

As crianças menores de seis meses serão estudadas também, mas não terão o sangue coletado. O estudo conseguirá mapear o estado nutricional bioquímico de crianças entre seis meses e 59 meses. “Esse é o grande objetivo, talvez o principal”, afirmou Kac.

O trabalho vai medir também a alimentação das crianças abaixo de 5 anos de idade. Para isso, será usada uma técnica chamada “recordatório de 24 horas”, que verifica o que a criança comeu nas últimas 24 horas.

Foi desenvolvido um aplicativo específico para esse estudo. A pesquisa toda é feita em um tablet. Há um questionário geral sobre uma série de assuntos, que englobam desde questões socioeconômicas até a história reprodutiva e desenvolvimento infantil.

Aleitamento

Juntamente com a dieta das últimas 24 horas, será mapeado o perfil sobre o aleitamento materno no Brasil. Kac disse que os dados existentes até agora no país serão atualizados.

As equipes vão recolher dados nacionais sobre aleitamento materno exclusivo e complementar, consumo de ultraprocessados, doação de leite materno e bancos de leite, amamentação cruzada (quando uma mãe amamenta o filho de outra mulher). “Esse é o segundo grande objetivo”, afirmou.

O terceiro objetivo é o mapeamento do estado nutricional antropométrico (conjunto de técnicas utilizadas para medir o corpo humano ou suas partes) que, no caso, inclui medir o peso e a altura das crianças e das mães.

Isso permite avaliar o estado nutricional infantil, de modo a confirmar se a desnutrição continua diminuindo no Brasil e informar como está o sobrepeso e a obesidade nas crianças menores de 5 anos. “Tem crescido muito esse excesso de peso e a obesidade, que é um grau mais elevado”, disse o coordenador.

Encaminhamento

Serão investigados ainda a insegurança alimentar, habilidade culinária doméstica e alimentação saudável. “É um estudo bastante complexo e completo, que a gente está planejando há um ano e meio”, disse Kac.

A coleta de dados para o Enani será feita por 342 equipes no país, sob a coordenação da Sociedade para o Desenvolvimento da Pesquisa Científica (Science), integrada por coordenadores aposentados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A coleta de sangue será coordenada pelo laboratório Diagnósticos Brasil, com capilaridade nacional. São parceiros da UFRJ no censo a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Fundação Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Os resultados serão divulgados no próximo ano, mas, segundo Kac, as famílias poderão ter acesso às conclusões do estudo referentes ao exame de sangue e ao estado nutricional de antropometria pelo correio ou pela internet. De acordo com o coordenador do estudo, se houver algum problema relevante, a criança será encaminhada a uma unidade básica de saúde.