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Uma pesquisa feita na Unesp em Araçatuba (SP) pode ajudar o trabalho das equipes que acompanham os pacientes que estão em tratamento do câncer. A pesquisa foi feita em pacientes com câncer de boca e pescoço ao longo de cinco anos.

Os pesquisadores descobriram que quem sofreu algum trauma na infância teve 12 vezes mais chances de desenvolver um problema psicológico depois de receberem o diagnóstico de câncer.

Bruna Amélia Moreira Sarafim é psicóloga e aluna de mestrado da Unesp de Araçatuba. Ela analisou a relação dos traumas na infância como fator de risco para desencadear problemas psicológicos em pacientes que descobriram o câncer.

"O que observamos é que os pacientes que tiveram sintomas depressivos e ansiedade, eram justamente os pacientes com maior ocorrência com eventos traumáticos durante a infância", diz Bruna.


Segundo ela, esse estudo é o primeiro no mundo a relacionar traumas da infância com dados clínicos, comportamentais como o consumo do álcool e cigarro e psicológicos de pacientes com câncer de cabeça e pescoço.


A pesquisa, que foi publicada na principal revista científica de câncer dos Estados Unidos, mostra que pacientes que sofreram traumas na infância tiveram 12 vezes mais chances de ter problemas psicológicos depois de descobrirem o câncer.

Esse é o caso do marceneiro Edson Arlindo de Moraes. Abandonado pelo pai na infância, o marceneiro teve depressão após o diagnóstico de câncer de boca. “Choca muito porque você leva um impacto muito grande que não sabe a gravidade. O bom ou ruim eu não filtro muito”, diz.

Edson foi um dos 110 pacientes acompanhados pela psicóloga durante a pesquisa, que já tem mudado o tratamento oferecido no Centro de Oncologia da Unesp da cidade.

“A gente sabe que o diagnóstico do câncer pode trazer ou agravar um quadro depressivo ou de ansiedade, e a gente, muitas vezes, foca no sentimento que tem agora, em decorrência do diagnóstico, com os medos, porém o nosso olhar tem de ser ampliado”, diz a psicóloga do centro Gabrielle Dias Duarte.

Daniel Galera Bernabé é o orientador da pesquisa e acredita que o estudo pioneiro é um avanço para a comunidade oncológica do mundo inteiro.

“Vamos compreender com maior profundidade como um paciente desenvolve sintomas de depressão e ansiedade e isso tem a ver com o que ele passou na infância. O trauma na infância pode ser fator importante que deve ser trabalhado pelas equipes”, diz.